Os casos de tuberculose caíram 10,64% no ABC, de acordo com as prefeituras, que registraram 605 casos em 2019 e no ano passado 540. Os números seguem em queda. Foram 117 infectados no primeiro trimestre deste ano, contra 135 no mesmo período de 2020. Mas neste 24 de março, Dia Mundial de Combate à Tuberculose, os números da doença ainda preocupam.
O pneumologista Elie Fiss, professor titular da Faculdade de Medicina do ABC, comenta que a queda dos casos é direcionada ao esforço das instituições nacionais e mundiais de saúde para reduzir a incidência da doença. “Isso vem sendo feito há anos, mas a gente pode destacar também as formas de higiene atuais por conta da covid-19, uso de máscaras e distanciamento. Isso diminui as doenças respiratórias”, afirma o médico.
A tuberculose, transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, pode apresentar como sintomas iniciais febre e tosse persistente, mas as pessoas devem ficar atentas a outros sintomas. “Em especial nos jovens pode haver fraqueza e emagrecimento. Mas esse é o tipo de doença que acomete todas as faixas etárias e órgãos”, explica.
O professor da FMABC diz que mais de 95% das pessoas não apresentam sintomas nenhum da tuberculose e a bactéria pode permanecer durante anos no corpo humano. “Nisso a bactéria pode estar no corpo e a partir de um diabetes ou queda da imunidade pode ser reativada como uma tuberculose secundária, que acomete outros órgãos além do pulmão”, informa.
Elie Fiss salienta que a doença continua a existir também porque muitas vítimas abandonam o tratamento, que era feito com três drogas. “Hoje são quatro antibióticos, nos três primeiros meses e outros dois nos próximos quatro meses. Além disso ele não é vendido na farmácia, a medicação é fornecida única e exclusivamente nos postos de saúde, de forma gratuita, para que a bactéria não fique mais forte”, explica.
O médico informa que a doença ainda mata. “A tuberculose não está extinta, não está no noticiário, mas faz milhares de vítimas e alguns milhares de óbitos por ano, não como a covid, os números são reduzidos, mas isso é uma endemia que tem assolado o mundo e o Brasil há décadas e tem cura. Estamos falando de uma doença conhecida”, completa.
Casos na região
São Bernardo conta com o maior número de registros na região no primeiro trimestre deste ano, com 44 casos, e 52 no mesmo período do ano passado. Cerca de 60% dos casos na cidade são em homens, com idade entre 20 e 60 anos, com maior incidência dos 30 aos 50 anos. Para atacar a doença, o município realiza durante todo o ano a busca ativa de pacientes, com conscientização sobre a importância de detecção e tratamento precoce.
Em Diadema, 39 moradores tiveram tuberculose neste ano, contra 47 ano passado. Em 2021, a cidade teve casos em todas as faixas etárias sendo dois casos em crianças menores de 10 anos de idade e um caso em idoso maior de 65 anos, com predomínio em adultos de 20 a 54 anos. Até o dia 29 haverá a Busca Ativa de Sintomáticos Respiratórios para identificar e tratar a população que ainda não está em acompanhamento.
Já em Mauá, 22 pessoas foram acometidas pela doença neste ano, número também inferior ao primeiro trimestre de 2020, com 27 casos. Neste ano também haverá a busca por casos da doença nas 23 unidades de saúde, em pessoas que estão com tosse há mais de duas semanas seguidas.
Com 8 registros no primeiro trimestre, Ribeirão Pires registrou aumento, comparado ao mesmo período do ano passado, com três casos. O aumento também foi no ano de 2019, com 23 casos, para o ano de 2020, com 28 registros. De acordo com a Prefeitura, os homens representam o maior número dos casos, nas faixas etárias de 18 a 30 anos.
Em São Caetano, foram registrados quatro casos neste ano e seis no mesmo período de 2020. Na cidade, a idade produtiva, de 20 a 80 anos, é a mais acometida e os homens representam a maior parte dos casos. Neste ano, a Prefeitura informou que não fará a busca ativa neste momento, por conta da pandemia.
Resposta Santo André
Nesta segunda-feira (22/3), a Prefeitura de Santo André respondeu os questionamentos e informou que a cidade registrou 222 casos em 2019 e 207 casos de tuberculose em 2020. Neste ano foram 61 registros no primeiro trimestre. A Prefeitura informou ainda que realiza a busca ativa por casos da doença que, na cidade, o perfil mais afetado são homens de 20 a 65 anos.
TUBERCULOSE | 2019 | 2020 | 2020 Janeiro – Março | 2021 Janeiro -Março |
Santo André | 222* | 207* | NC | 61* |
São Bernardo | 247 | 236 | 52 | 44 |
São Caetano | 34 | 27 | 6 | 4 |
Mauá | 129 | 111 | 27 | 22 |
Diadema | 172 | 138 | 47 | 39 |
Ribeirão Pires | 23 | 28 | 3 | 8 |
Rio Grande | NC | NC | NC | NC |
TOTAL | 605 | 540 | 135 | 117 |
*Os valores não foram somados no total. | NC-Não Consta |