Começou fevereiro, o mês de conscientização do combate à leucemia e da importância de se tornar um doador de medula óssea. É a campanha Fevereiro Laranja, sobre leucemia, uma doença maligna, que surge nas células do sangue e, assim, ataca todo o organismo e pode acometer desde crianças até idosos.
Com a base nos Registros de Câncer e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS), o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, estima a incidência de 5,61 novos casos de leucemia para cada 100 mil homens e 3,14 para cada 100 mil mulheres no Brasil em 2020.
Para Jairo Cartum, oncopediatra da Faculdade de Medicina do ABC e presidente do GRATO-ABC, a campanha de diagnóstico precoce salva vidas, já que o câncer diagnosticado em fase inicial apresenta taxa de cura mais alta e com tratamento menos intenso. GRATO-ABC é um centro de estudos do Departamento de Oncologia e Hematologia da Faculdade de Medicina do ABC
O médico explica que a campanha Fevereiro Laranja, sancionada em 2019 no Estado de São Paulo, lembra a importância do diagnóstico precoce, mesmo na pandemia da covid-19. “O diagnóstico do câncer não pode ser retardado pela pandemia. O câncer pode ser mais letal que o coronavírus, quando diagnosticado tardiamente”, ressalta.
Em casos de crianças, o médico afirma que o diagnóstico precoce eleva a taxa de cura nos pacientes. Chega a ser superior a 80%, desde que a doença seja diagnosticada em fase inicial. “Como dica, todo sintoma que se prolonga deve ser investigado e as consultas de rotina com o pediatra são essenciais para o diagnóstico precoce do câncer infantil”, relata.
A doença atinge em torno de 4 mil novos casos ao ano em crianças e corresponde a um terço dos cânceres infanto-juvenis, é o principal na infância. “A doença normalmente se manifesta de maneira rápida com palidez, manchas roxas pelo corpo e eventualmente febre. Podem também ocorrer “caroços” pelo corpo (crescimento das ínguas) e dor difusa pelo corpo”, explica Cartum.
Sobre a taxa de cura em crianças que são diagnosticadas de forma tardia, Jairo diz que beira a faixa de 50% e conta com tratamento mais intenso. “O tratamento é longo, e dura cerca de 2 anos e meio. Por isso, há risco de toxicidade pela própria medicação utilizada, como no rim, fígado, neurológica e infecções, e esses pacientes são acompanhados por vários anos após o término do tratamento”, completa.
O grande problema no transplante de medula óssea é a compatibilidade do paciente e do doador, a exemplo do transplante de órgãos. Procura-se a compatibilidade entre os parentes mais próximos e se não for encontrado ninguém é preciso recorrer aos bancos de medula, como o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Daí a importância da doação de medula óssea.
(Colaboraram: Beatriz Gomes e Fernando Scerveninas)