Depois da onda de extrema direita que assumiu o país em 2018, impulsionada pelo presidente Jair Bolsonaro, os partidos de centro-direita ganharam força nas eleições municipais, apesar da desordem que enfraqueceu as legendas. Contudo, a esquerda, que está na berlinda desde 2013 sob impacto do impeachment de Dilma Rousseff, parece ter ganhado protagonismo, ao sair das urnas pouco mais fortalecida, com novos nomes e legendas que podem surpreender, conforme avalia o especialista político, Renato Dorgan.
Em entrevista ao RDtv, o especialista explica que, sem organização, tal situação pode ser refletida nas disputas regionais, do segundo turno, ao qual o atual prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB) e Marcelo Oliveira (PT) disputam o Paço mauaense e Filippi (PT) e Taka Yamauchi (PSD), concorrem à cadeira do Executivo de Diadema. “É importante olhar o cenário político como um todo, e ver o que a população espera. Em 2018 tínhamos um cenário, hoje ele está totalmente mudado”, avalia.
Em ambos os municípios, há nomes do Partido dos Trabalhadores (PT) na disputa para o segundo turno, o que é incomum nas demais regiões do País. “Em geral, o PT teve um desempenho abaixo da média, muito porque a ‘antiga esquerda’ vem sendo substituída pela nova esquerda dominada pelo PSOL e partidos com novas lideranças, que trazem uma nova cara, algo que sai do tradicionalismo da esquerda sindical, do estado parrudo”, analisa.
Diante da fragilidade histórica que o PT sofre e sem novas propostas de ambos candidatos, o especialista acredita que a situação pode se complicar para os prefeituráveis. “É preciso boas propostas e que saiam do tradicionalismo se quiserem despontar. Assim como vemos na Capital, com o Guilherme Boulos (PSOL), a população clama por liberdades pessoais, discussão de problemas públicos, não tanto estatista, e o grande vencedor será o que trabalhar isso”, avalia.
Na avaliação de Dorgan, nas demais cidades os prefeitos foram reeleitos com margem alta de votos pois cumpriram suas promessas de campanha, a exemplo de Santo André, São Bernardo e São Caetano. “Pela porcentagem de votos, que chegou a 76% em uma das cidades, é possível notar que mesmo com a pandemia, a população teve bom aceite da administração e foram cumpridas as promessas de governo, com um resultado satisfatório”, analisa.
Já nos municípios em que não houve reeleição dos prefeitos em exercício, a exemplo de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o analista político avalia que foi possível vislumbrar a insatisfação da população diante ao não cumprimento de promessas de governo e das más alianças políticas. “São municípios em que haverá uma grande cobrança da população e que os gestores terão que trabalhar e muito”, enfatiza.