Após perder pelo menos 40% dos clientes no período da pandemia do novo coronavírus (covid-19), os motéis da região finalmente foram incluídos na lista de serviços essenciais e estão habilitados para retomar as atividades. A rotina adotada nas já nas primeiras semanas de retomada (em setembro) foi voltada para o reforço de medidas de higiene. Mas apesar dos prejuízos com os mais de cinco meses de portas fechadas, a projeção é de estabilidade do movimento já nos próximos dias.
O proprietário dos motéis Estoril e Panters, ambos em São Bernardo, Carlos Alberto Sobrinho, conta que a reabertura dos estabelecimentos ocorreu há poucas semanas e que o movimento ainda está fraco, mas acredita em melhora a curto prazo. “Reabrimos há poucos dias, então o movimento ainda não está tão bom quanto esperávamos. Entre março e junho foram meses muito ruins, em julho começou a melhorar e agosto ainda não decolou. Esperamos que os próximos dias melhore”, diz.
Na visão do empresário, o que agrava ainda mais a situação é a falta de placas indicativas na região. “Aqui no Riacho Grande a gente já tem um problema, porque ficamos junto à rodovia e não se pode colocar placa de hospedagem. Brigamos para que colocassem placas na via Anchieta, aí veio a pandemia e até agora nada. Esperamos que alguém nos ajude quanto a isso”, pede ao lembrar que, sem ajuda das placas, o motel pode perder até 30% do público, uma vez que os viajantes não saberão que ali há opção de hospedagem.
Evitar demissões
Ainda em São Bernardo, o proprietário do Motel Ramsés, Diego Aparecido Bianchi, conta ter fechado as portas do estabelecimento por pelo menos 40 dias, período este que forneceu férias aos funcionários para evitar demissões em massa. “Se não fizéssemos isso não teríamos segurado o prejuízo, porque ele ocorreu e foi um período bastante conturbado”, conta ao afirmar ainda que o processo de retomada acontece de forma lenta e gradual.
Somente nas duas primeiras semanas de reabertura, Bianchi conta que o movimento chegou a atingir 40% do que era frequentado no período pré-pandemia, o que considera frequência boa. “Na verdade esse primeiro movimento tem superado e muito minhas expectativas, porque esperava que fosse ser bem pior de acordo com os números e casos da doenças que vemos por aí”, conta.
Uma das justificativas que Bianchi aposta ter causado aquecimento é o espaço seguro que o motel oferece. “Muita gente tem preconceito de motel, acha que não é limpo, mas ao contrário, é muito mais seguro porque as suítes são higienizadas após a utilização e agora no período de pandemia recebem ainda tapetes higiênicos e álcool em gel, um reforço na higiene e segurança dos casais”, explica.
O motel, segundo Bianchi, é um lugar agradável para que os casais saiam da rotina principalmente em um período em que as crianças estão em casa e não há privacidade. “Agora sabemos que é um período um pouco mais complicado para os casais terem sua própria intimidade com a criançada em casa e com todas as dificuldades já impostas pela pandemia, por isso estamos com nossos esforços para oferecer opções acessíveis e seguras para que os casais voltem”, diz.
Evitar propagação
Os mesmos protocolos de segurança são seguidos no Motel Ilha de Capri, também em São Bernardo, que ficou fechado 10 dias desde o início da quarentena, em meados de março, a fim de evitar a propagação da covid-19. As atividades foram retomadas nas últimas semanas, conforme as recomendações do Ministério da Saúde.
De acordo com o gerente comercial Marcelo Paulin, desde o início da pandemia, foi necessário dispensar pelo menos 30% dos colaboradores, para não fechar as portas. “Tivemos uma queda de 40% no movimento e não tínhamos como manter o pessoal, então tivemos de suspender e até interromper contratos”, explica o gerente. “Estamos voltando agora, aos poucos, e a nossa expectativa é boa”, enfatiza.
Ao longo do período, Paulin afirma que houve mudança de público na casa. “Agora estamos recebendo um público maior de união estável, que antes não víamos tanto, então pode ser que após a pandemia esse público mude bastante”, completa.
Todos os motéis citados na reportagem garantem álcool em gel na recepção, funcionários com luvas e máscaras e respeito às orientações da vigilância sanitária. Reforçam, ainda, limpeza dos aparelhos de ar-condicionado e aumentam o intervalo de utilização dos quartos, a fim de manter os clientes seguros. As suítes custam a partir de R$ 49.