“Paz e amor”, a expressão hippie teve seu significado alterado no meio político brasileiro e virou sinônimo de tentativa de acalmar os ânimos. Mas não necessariamente combina com Ciro Gomes (PDT). Autointitulado “indignado”, o pedetista relatou em entrevista ao RDtv nesta sexta-feira (31/07), que pretende escapar da polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido) apresentando ao Brasil o “caminho da reconciliação”, mas sem se esquecer das críticas ácidas que ajudam a criar a fama do paulista de alma cearense que aos 62 anos ainda pensa em liderar a nação e logo após terminar sua carreira como vereador em Sobral (CE).
Taxado pelos seus adversários como um homem de “pavio curto”, Ciro nega que tal característica seja a principal responsável por não ter alcançado a Presidência da República. “Nós dissemos aqui no interior do Ceará que quando o adversário não tem defeito a gente bota, a gente cria um. Eu fiz uma vida pública que eu fiz uma opção de ser descente em um país em que infelizmente a corrupção generalizou-se de forma impune. Recentemente a punição começou a chegar, mas a tradição no Brasil é que cadeia é só para ladrão de galinha”.
Terceiro colocado na corrida presidência de 2018 e colocado como “segunda opção” tanto de lulistas como bolsonaristas, Ciro Gomes entende que sua derrota ocorreu por não ter virado o personagem de um dos principais temas da última eleição geral: o antipetismo, além da forte utilização das redes sociais com apoio de vários empresários, receita que culminou na vitória de Bolsonaro.
Apesar do cenário analisado, o pedetista segue com o mesmo discurso da eleição, com críticas para todos os lados e apontando erros que considera que sejam os principais problemas de um país dividido pela discordância enviesada existente desde o pleito de 2014. Em relação ao PT, o ex-governador cearense uma falta de humildade para entender as últimas derrotas.
“Só quem não quer ver isso é a burocracia corrompida do lulopetismo e se a gente não tiver humildade para entender isso, não para punir ninguém, é para a gente se reconciliar com o nosso povo, e eu tentei mostrar isso”, disse.
Em relação a Bolsonaro, a crítica fica para a sua imagem de combatente da corrupção e que segundo Ciro alterou após as suspeitas de corrupção envolvendo o ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz.
“O Queiroz é o fio desencapado que prova que o Bolsonaro não é o paladino da decência e da moralidade, e eu conheço ele há mil ano. Bolsonaro roubava dinheiro da gasolina dele de deputado, que era o dinheirinho público que ele administrava. Tinha vários funcionários fantasmas, inclusive a filha do Queiroz”, afirmou.
Em relação a reconciliação, Ciro Gomes não coloca um plano pensando em 2022, mas já para este momento de pandemia do novo coronavírus. São três diretrizes defendidas pelo pedetista: a proteção das liberdades democráticas; salvar vidas; e exigir um plano para enfrentar a crise econômica.
O ex-prefeito até tentou emplacar essas ideias em março, em meio aos primeiros casos confirmados no Brasil, porém, acabou não ouvido. Entre as ideias, o político considera que logo de início deveria ser feito um forte isolamento social com as pessoas mais necessitadas recebendo um cartão de débito com R$ 1,8 mil para se manter em casa e após 30 dias, iniciar uma flexibilização conforme o cenário.