Em ato realizado na manhã desta segunda-feira (29/06) em frente ao Quarteirão da Saúde, em Diadema, servidores municipais cobraram investigação das circunstâncias que teriam levado enfermeira Mariana Polizeli, de 35 anos, atentar contra a própria vida na sexta-feira (26) no interior da unidade médica. O caso foi registrado no 1° Distrito Policial como suicídio. O Sindema (Sindicado dos Funcionários Públicos de Diadema) avalia que a enfermeira pode ter sido vítima de assédio moral.
Cerca de 60 pessoas com balões pretos participaram do ato organizado pela entidade sindical. Uma lona preta foi aberta em frente ao prédio hospitalar e o ato durou cerca de 40 minutos. “Foi um ato de muita emoção. Os colegas relataram que ela vinha apresentando sinais de assédio. Na saúde de Diadema tem dois tipos de funcionários os estatutários, no caso dela, e os contratados pela Organização Social de Saúde SPDM (Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina). É uma proporção de 1 pra 1, então existe uma vigilância muito forte sobre os funcionários de carreira”, comentou Mara Neide Ferreira, presidente em exercício do Sindema.
O sindicato dos servidores que tomou três providências; pediu ao escritório de advocacia que acompanha as questões trabalhistas, o número de denúncias de assédio; reservou a Tribuna Livre da Câmara dos Vereadores, nesta quinta-feira (02/07), para falar do caso e apresentar uma minuta de projeto de lei que visa coibir os casos de assédio moral na administração municipal; e, por último, informa que vai analisar juridicamente o contrato com a OSS.

A prefeitura informou que montou uma comissão para apurar internamente o caso e montou uma força-tarefa para dar atendimento psicológico aos funcionários do Quarteirão da Saúde uma vez que o fato abalou os profissionais. “A Secretaria de Saúde formou uma comissão de avaliação do evento inesperado visando o levantamento de informações, o suporte psicológico aos colegas de trabalho e o apoio à família. Os trabalhos da comissão foram iniciados na sexta-feira (data do ocorrido). A prefeitura está em luto e atenta às medidas de acolhimento que se fazem necessárias. Por se tratar de um fato complexo e de multicausalidades, não serão divulgadas circunstâncias em respeito à história e à memória da profissional de saúde e do bem-estar de todos os do seu convívio. Com os colaboradores estamos mantendo grupos de conversa e apoio, com profissionais especializados no assunto e oferecendo também atendimento psicológico individualizado aos que tiverem interesse”, informou a administração que estendeu esse atendimento também à família de Mariana.
Mariana era casada, não tinha filhos e a família mora no interior do estado. Procurados pela reportagem, familiares disseram que estão muito abalados e preferiram não dar entrevistas.
O SEESP (Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo) encaminhou uma carta de repúdio para o prefeito Lauro Michels (PV) e o Secretário de Saúde Luís Cláudio Sartori. A presidente da entidade, Eliane Aparecida Leoni, disse que o caso de Diadema não é o único no estado. “Infelizmente foram vários casos de enfermeiras e enfermeiros que cometeram suicídio e o assédio moral é um dos motivos. Elaboramos até uma cartilha sobre isso. Nosso jurídico está atuando em todos os casos, notificando prefeituras e hospitais privados”, comentou.
Segundo Eliane a pandemia fez aumentar muito a situação de assédio moral. “Precisamos entrar com ações para garantir os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Para conseguir uma máscara foi uma luta então o nível de stress dos profissionais e das chefias está muito alto, mas é preciso ter cuidado para falar com os enfermeiros, porque eles são anjos, ninguém cuida melhor das pessoas do que eles”, conclui a presidente do sindicato dos enfermeiros.