Um levantamento feito pela consultoria IPC Marketing Editora – que reúne em números absolutos o detalhamento do potencial de consumo em 22 categorias de produtos nos municípios brasileiros – mostrou que o ABC voltou a ocupar o 4º lugar no ranking de maior polo consumidor do país, uma posição acima ante o ano anterior, e atrás somente das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
O estudo analisado durante reunião conjunta entre os Grupos de Trabalho (GTs), no Consórcio Intermunicipal, aponta que embora a região tenha apresentado redução do consumo nacional de 1,70% para 1,65%, entre 2018 e 2019, sua participação na economia foi expandida, diante da mudança de comportamento do consumidor. “O ABC é responsável por pelo menos 2% do PIB (Produto Interno Bruto) do País, ou seja, a cada R$ 200 gastos, R$ 4 é desembolsado por moradores da região, número significativamente alto”, analisa o diretor da IPC Marketing, Marcos Pazzini.
Apesar do dado positivo, o especialista alerta que a região não só perdeu espaço no consumo brasileiro, mas que também perdeu um número considerável de microempresas. Entre 2018 e 2019, o Brasil sofreu com o fechamento de 13,1% empresas, enquanto na região, a queda foi de 10,1%, cerca de 33 mil MEIs (Microempreendedores Individuais) que encerraram seus CNPJs. “O maior destaque foi o setor de serviços, em que sofremos com o fechamento de pelo menos 21,3 mil empresas, o que representa 24% da nossa totalidade”, explica.
Uma das justificativas na queda do número de empresas, segundo Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Metodista, se dá pela retração econômica que já era esperada diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19). “Também justificado pela pandemia, tivemos uma desaceleração nas compras internas na região em 2020, o que fez com que a maioria das empresas não conseguissem se sustentar a longo prazo sem qualquer tipo de investimento”, explica.
Para que a região consiga manter o título de quarto maior polo consumidor a longo prazo, Maskio explica que se faz necessário um estímulo por parte das empresas, poder público e até mesmo da população. “A mudança do comportamento do consumidor ajudam, mas é necessário estimular e aumentar o crédito, que haja desconto para os empreendedores e clientes, para que eles fiquem e consumam e fabriquem produtos na região”, orienta.
Até então, a colocação das cidades se dá pela perda de potencial de consumo em Belo Horizonte (Minas Gerais), que caiu de 1,77% para 1,76% e à frente estão São Paulo, que passou de 7,7% em 2018 para 6,99%; Rio de Janeiro (4,12%) e Brasília, que passou de 1,73% para 2,8% e segue em terceiro lugar na posição.
Outro fator que contribuiu para que a região obtivesse a colocação, conforme aponta Pazzini, foi a retração em 4% na economia entre 2015 e 2016, e o pagamento de abono salarial (PIS), além de outros incentivos que facilitaram o fluxo da economia regional. “Tivemos fortes incentivos que fizeram com que a população circulasse mais a economia local. Esse ano, com a liberação das parcelas do auxílio emergencial, o governo está preocupado em fazer a economia voltar a funcionar, do ponto de vista de consumo”, diz.
Diante da pandemia, o especialista afirma que a recuperação econômica será a longo prazo, e dependerá dos efeitos que ainda podem resultar no cenário local. “Devemos demorar um tempo para recuperar o potencial de consumo diante dos efeitos que o coronavírus trouxe, por isso a importância de manter e fomentar a economia aqui, com investimentos e melhor disseminação dos serviços locais”, completa.