Para a comunidade de surdos e mudos, a comunicação após o agravamento da pandemia se tornou mais dificultosa, visto que, ao usar máscara, a expressão da fala se torna limitada, além de impedir a leitura labial. Para Douglas Eliakim, especialista e professor de libras, a empatia por parte da sociedade, atrelado ao uso da tecnologia quando possível, é essencial para garantir o bom entendimento e bem estar de quem possui limitação na fala.
Eliakim explica que é preciso compreender as restrições desse tipo de deficiência para lidar da melhor forma. “Muitos dos surdos e mudos não entendem o contexto em que vivemos, o porquê usamos máscara, ou o que está acontecendo. Para eles, o processo de entendimento é menos acessível e mais demorado”, conta, além de ressaltar que isso pode acontecer pois a maioria dos veículos de imprensa não possuem intérpretes de libras. Por este fato, segundo o especialista, é importante a compreensão por parte de quem precisa se comunicar com os portadores.
O especialista ainda conta que o uso de aparelhos eletrônicos tem sido grande aliado neste período, pois, por muitas vezes, evitam que seja feito contato físico. “O uso da tecnologia tem sido de extrema importância”, ressalta.
Sobre os cuidados com higiene, Eliakim diz que precisam ser redobrados para quem é adepto a libras, pois muitos sinais levam as mãos ao rosto. “É preciso reforçar as lavagens das mãos e tomar todas as precauções gerais”, recomenda.
No Brasil, existem 12 milhões de surdos e mudos, o que representa em média 5% da população geral. “60% destas pessoas estão nas cidades e fazem parte de uma comunidade que, mesmo que não nos demos conta, estão próximos a nós”, diz.
Douglas Eliakim, que dá aula de libras para cerca de 150 alunos, diz que as aulas virtuais, apesar de ser a opção mais viável no momento, não são a mesma coisa. “Presencialmente eu consigo corrigir e dar suporte aos meus alunos quando necessário, já online não é possível”, acrescenta.