O alto contágio do novo coronavírus preocupa médicos cardiologistas, tanto pelos pacientes, que muitos são inclusos no grupo de risco, quanto a não procura por especialistas em meio a pandemia, já que o medo faz com que muitas pessoas evitem ir aos hospitais. O médico cardiologista Kamal Yazbek Júnior, que também é presidente da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – Regional Abcdm), falou sobre o assunto no RDtv.
“O número de pacientes cardiopatas caiu, mas não é que deixaram de existir, e sim por conta do medo de ir aos hospitais, as pessoas enfartam em casa, e já relatos no mundo todo de números de mortes nas residências”, salienta Yazbek, que diz atender seus pacientes pela internet e, em casos mais graves, no próprio consultório.
Muitos dos pacientes cardiopatas, como são chamados pela medicina pessoas com problemas cardíacos, estão no grupo de risco e devem se atentar ainda mais aos cuidados, com a efemeridade e com a Covid-19. “Qualquer pessoa que tenha alguma outra doença já tem risco. O cardiopata tem particularidades, e aumenta o risco de internação e gravidade da doença, até porque um dos órgãos que o vírus acomete é o coração”, explica.
Sobre os casos que estão no grupo de risco, o cardiologista diz que para o coronavírus, “hipertenção arterial, doença coronária, que é quem já teve infarto, quem já fez a cirurgia de ponte de safena e também os portadores de insuficiência cardíaca”, estão mais vulneráveis, mas não devem deixar de tomar os remédios indicados pelo especialista e em casos de sintomas devem ir ao hospital.
“O principal é jamais deixar de tomar as medicações, o que é de orientação médica estão relacionadas a uma melhor evolução da doença. A gente bate nesse ponto porque com esse fato do isolamento social, os pacientes podem encontrar dificuldades de comprar o remédio ou consultar um médico”, comenta.
Para o isolamento, as dicas do presidente da Socesp é manter o sono regulado, hidratação, rotina dentro de casa e alimentação saudável. “Manter os horários de se alimentar, a cada 3 horas é o ideal, com frutas, verduras, legumes, proteínas e um pouco de carboidrato, prato colorido e de diferentes classes”.
Sobre o enfarto, Kamal salientou os sintomas, que após serem identificados, o paciente deve ir o mais rápido ao hospital. “Sinais de dor no peito, eventualmente uma dor no braço que expande ao pescoço. Muitas vezes é forte, mas também pode não ser, depende do paciente. Diabético pode não sentir dor, ter suor frio, mal-estar, tontura, enjoo. Existem sintomas que podem ser confundidos, como a dor de estômago. É melhor pecar por excesso do que deixar passar uma doença que é extremamente letal. Uma pessoa que tem um enfarto, em média 50% não chega ao hospital. No caminho do hospital, o uso de aspirina. Toda aquela pessoa que não tem alergia e está com sintomas de enfarto deve tomar dois comprimidos de 100mg, pois ajuda, também líquidos e ir ao hospital o quanto antes”, conclui.