É grave a situação dos transportadores escolares, que estão recebendo menos ou nem estão recebendo, por conta da suspensão de aulas desde março. Como a maioria deste trabalho é familiar, eles estão passando dificuldades e alguns já devolveram os carros por falta de condições para pagar as prestações e taxas durante a pandemia da Covid-19. A informação é do Sindicato dos Transportadores Escolares do Estado, que está solicitando a prefeituras, estado e governo federal formas de socorro à categoria.
Segundo Wesley Florêncio, presidente do sindicato, somente na capital paulista são cerca de 15 mil trabalhadores e muitos já não estão recebendo integralmente o valor das mensalidades. “Tem alguns tios, como a gente costuma chamar, que já estão entregando os carros “, disse em entrevista ao RDTv nesta quinta-feira (30/04). Também participou da entrevista Donay Neto, que já foi dirigente da Federação Nacional dos Transportadores. “Muitos transportadores são negócios familiares; marido e mulher, ou pais e filhos que trabalham no negócio da família, com a interrupção eles não têm como ficar dois ou três meses sem renda”, comentou.
De acordo com dados do sindicato, 70% dos transportadores receberam integralmente as parcelas do mês de abril; em maio a perspectiva é que metade dos pais pague apenas 50% da mensalidade, 30% deve tentar uma negociação e 20% vão desistir do contrato com o transportador. “A gente pede ajuda do Procon, para que o entendimento jurídico seja igual ao da escola, de que se trata de um serviço anual que é parcelado em 12 vezes”, disse Neto.
Florêncio destaca que o sindicato já fez diversas ações para salvar a categoria. “Fizemos um pedido junto a Secretaria Estadual da Fazenda, para que seja criada uma linha de crédito, pelo Banco do Povo, ou outra modalidade, para capital de giro e que tenha carência de pelo menos três meses. Pedimos também a suspensão de taxas nas prefeituras e taxas de vistoria. Paralelamente conseguimos doações de algumas empresas parceiras e montamos 300 cestas básicas que vamos entregar através de um cadastro”, relatou.
Neto diz que o caminho mais factível é o da busca pelo governo do estado. “Tem que ser urgente conseguir essa linha de crédito para o custeio, para que o transportador sobreviva a esse período, a esse cenário catastrófico. Se possível que o transportador possa pagar isso só no ano que vem, ninguém está pedindo esmola, é só um oxigênio para atravessar esse momento crítico”, comenta o ex-dirigente da federação. “Se o transportador entregar o carro agora porque não consegue pagar, quando a situação se normalizar não vai ter transportador para atender”, completa.