O supermercado Joanin, com unidades no ABC, teve uma iniciativa curiosa em relação ao cenário atípico do comércio do feijão. Com um aviso nas prateleiras, o estabelecimento pede para que os clientes, se possível, não comprem o feijão carioca, pois a rede enfrenta problemas para conseguir repor o produto devido à alta no preço, que, nas últimas semanas chegou a R$ 9 o quilo.
O gerente comercial, Rubens Castaldello, explica que o aviso foi uma forma de explicar aos clientes que o mercado discorda com a alta dos preços e também é acometido por isso. “Há clientes que acham que nós somos os causadores desse problema, mas somos os distribuidores, não produzimos nenhum produto, apenas distribuímos”, diz.
Sobre a causa para o aumento, Castaldello afirma que os motivos podem variar. “Isso depende de plantio e pode ocorrer porque pouca gente planta ou porque há quebra de safra”, conta. Diferente do agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá Benedetto, que avalia que o aumento da demanda e a aproximação do inverno podem ter influenciado na escassez. “A estação já não é um momento propício para a queda do preço, pois a irrigação fica mais difícil no inverno. Mas o fato de as pessoas quererem estocar alimentos durante a pandemia também ajuda para este aumento”, diz.
Segundo o gerente, a mudança no preço atinge todas as marcas e o feijão do tipo carioca é a variação mais afetada “Não dá para precisar o valor exato de aumento, mas é geral, em todas as marcas”, diz. Vezzá explica que o grão não costuma ter variação de preço por demanda, então este é um cenário atípico. “Não falta oferta, apenas aumentaram as compras”, afirma.
Outros produtos que tiveram seus preços elevados nos últimos dias foroam: o arroz, leite e alho. A alta do alho, de acordo com o gerente do Joanin, pode ocorrer pela alta do dólar, já que o alho é um produto importado. “Isso causa atrito com os nossos clientes, o que é ruim para a gente também, mas ou compramos e revendemos mais caro, ou deixamos faltar nas prateleiras”, finaliza.