
Motoristas de aplicativo realizaram uma manifestação pacífica na tarde desta segunda-feira (6/1) na avenida José Caballero com a Avenida Portugal, no centro de Santo André, para pedir mais segurança para desempenhar suas funções. Isso porque na madrugada do último domingo (5/1), o andreense Gabriel Louredo Ferreira, de 23 anos, morreu após ser baleado na rua Ivani, em Carapicuíba (SP), enquanto exercia a profissão pelo aplicativo 99.
A Polícia Militar foi acionada para atender a ocorrência e encontrou a vítima dentro de seu veículo (Ford Ká), com ferimentos no tórax e no braço. O homem foi encaminhado ao Hospital Geral de Carapicuíba, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A Polícia apura e investiga os fatos.
O caso, que foi registrado como tentativa de roubo e comunicação de óbito pelo 1º Distrito Policial de Carapicuíba, preocupou e indignou outros motoristas de aplicativo, que apelaram por paz e segurança em manifestação que iniciou no Cemitério Curuçá, no Parque das Nações, onde o corpo de Gabriel foi enterrado. “O índice de motoristas vítimas de roubos e assassinatos só cresce e ninguém faz nada. Corremos o risco todos os dias e não há quem nos proteja”, lamenta Thiago Cruz, que também é motorista.
Uma das colegas de Gabriel que preferiu não ser identificada, conta que para as mulheres a violência vai além, uma vez que as mesmas sofrem frequentes abusos sexuais no interior dos veículos. “Temos que analisar bastante o solicitante antes de aceitar a corrida, principalmente sua classificação no aplicativo. Isso na tentativa de evitar o que não é raro de acontecer, assaltos e até assédios, principalmente para nós, mulheres”, reclama.
Na tentativa de evitar assaltos, Luis Henrique Fonseca, que é motorista por aplicativo há dois anos, diz analisar a localização dos passageiros antes de iniciar a corrida. “Se vejo que é uma rua sem saída, nem sequer entro. Já aconteceu de eu quase cair em uma armadilha e levarem meu carro em uma dessas ruas”, relata. “Tentamos trabalhar com dignidade para levar o sustento pra casa e ainda temos que passar por essas situações, colegas morrendo, sendo assaltados e rezando para não ser o próximo”, acrescenta.
Em nota, a assessoria do transporte por aplicativo 99 informou que está apurando o caso. A empresa afirma lamentar profundamente o caso de violência e diz se solidarizar com a família da vítima. A plataforma se disponibiliza ainda para colaborar com investigações da polícia, se necessário.
Como formas de prevenção antes das chamadas, a companhia 99 mostra aos motoristas informações sobre o destino final, a nota do passageiro e se ele é frequente — além de exigir que todos os passageiros incluam CPF ou cartão de crédito. Durante o trajeto, ferramentas como câmeras de segurança e compartilhamento de rotas estão disponíveis. Depois das viagens, uma central telefônica 24h para emergências oferece apoio imediato em caso de necessidade.