Diadema sacrificou quase 200 animais por ano entre 2016 a 2018. No período, os centros de controle de zoonoses da região apresentaram números alarmantes de cães apreendidos, mas o município assustou pela quantidade de animais submetidos à eutanásia no triênio. A Prefeitura justifica que apenas cães em estado terminal e sofrimento extremo, atestados por laudo veterinário, são sacrificados, mas a diferença entre os números, comparados com as outras cidades do ABC, chama atenção. “É um problema sociocultural”, diz o médico veterinário Felipe Murta, que trabalhou durante dois anos no Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão Pires.
Segundo Murta, o que justifica a diferença dos números elevados de Diadema é a falta de acesso a campanhas de conscientização. “Diadema possui uma maior quantidade de população carente, sem conhecimento das campanhas de castração e bem estar animal, o que faz com que mais animais procriem e sejam abandonados”, afirma. O médico alerta sobre a questão educacional. Diz que a falta de investimento em educação pública para conscientizar as crianças desde pequenas ao cuidado animal é outro fator. Já Luiz Fernando Vale, o Gordinho dos Animais, ativista da causa animal em Diadema, diz que falta estrutura para feiras de adoção. “Faltam campanhas permanentes de conscientização e não ter investimento em programas no trânsito e nas escolas também dificulta o processo para reverter o número de cães nas ruas”, diz.
Em contraste, as outras cidades da região apresentaram números melhores, porém com muitos animais apreendidos por abandono. Em São Bernardo, 325 animais foram resgatados, e 327 foram adotados entre 2016 e 2018. Já São Caetano tem os números mais baixos, pois resgatou 172 animais e doou 273. Santo André não possui dados de 2016, mas de 2017 a 2018 capturou 159 animais, mas apenas 55 foram doados. Como integrantes do SUS (Sistema Único de Saúde), as prefeituras esclarecem que os CCZs (centros de controle de zoonoses) não resgatam todo animal abandonado, mas apenas atropelados, ferozes e com suspeita de doenças infectocontagiosas.
O veterinário Felipe Murta explica que os profissionais dos CCZs atuam para evitar que animais sejam sacrificados. “Os veterinários têm a responsabilidade de zelar pela saúde dos animais resgatados, administrar medicamentos e tratamentos e acompanhar a rotina, com controle de vacinação, atividades e toda preparação para que possam ganhar novo lar”, explica.
No CCZ os bichos são mantidos em baias separadas em canil, gatil e locais para animais de grande porte, com revezamento nos solários para atividades, e contam com alimentação baseada em ração premium. A higienização das baias e dos animais deve ser feita diariamente e com acompanhamento dos profissionais do local para registrar possíveis anormalidades. Os animais permanecem no CCZ até serem adotados, caso contrário, ficam até o fim da vida.
São 225 para doação
Atualmente as quatro cidades possuem 225 animais para doação nos CCZs. Diadema tem 70, Santo André 43, São Bernardo 77 e São Caetano 35. Mas é necessário planejamento para adotar animais. Ter o consentimento da família, considerar gastos com veterinário e ter tempo livre para passeios e brincadeiras, além de espaço de convivência de acordo com o tamanho do animal. Para quem possui todos os requisitos para adoção, as cidades disponibilizam os animais castrados e vermifugados diretamente nos CCZs e em feiras de adoção, como a Eu Amo! Eu Adoto!, que ocorre todo último domingo do mês no Parque Central, em Santo André. A Prefeitura de São Bernardo divulga no site os animais disponíveis para adoção com fotos e informações sobre temperamento e porte. As prefeituras de Ribeirão Pires, Mauá e Rio Grande da Serra não forneceram informações.