Carros abandonados viram problema crônico na região

Veículos são flagrados no Jardim Cristiane, em Santo André (Foto: Pedro Diogo)

Veículos largados nas ruas, com pneus murchos, enferrujados, depenados ou depredados estão no cenário das cidades da região. Custos de manutenção, impostos e impossibilidade de restauração transformaram aquilo que era objeto de desejo em foco de vetores de doenças, elemento de poluição visual e de meio ambiente, além de ameaça à segurança pública. Entre janeiro e julho deste ano as prefeituras já apreenderam mais de 500 veículos nas ruas, mas ao que parece enxugam gelo, pois as vias estão repletas de automóveis abandonados.

Para o engenheiro e professor dos cursos de pós-graduação do Instituto Mauá de Tecnologia, Wanderlei Marinho, os veículos abandonados podem causar, após anos de exposição ao tempo, problemas ambientais, fora a poluição visual e se tornar criadouro para de vetores de doenças, como ratos e pernilongos. “Um veículo esquecido sofre influência do tempo e começa seu processo de decomposição. A parte mais duradoura é a lataria. Alguns componentes têm grau de toxicidade maior como a bateria, mas ela está enclausurada. Esses carros que não têm a destinação correta, não chegam ao processo de logística reversa, porque são abandonados pelos próprios donos”, analisa.

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Para Marinho o problema maior são os custos de manter o veículo, sobretudo impostos e multas. “Muitas vezes o carro tem um valor irrisório e a soma dos débitos com IPVA [Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores], licenciamento e multas supera o que vale. Para o mercado de reciclagem, o veículo pode ter valor e até todos os materiais serem reaproveitados, mas se o reciclador tiver de arcar com todos esses custos fica inviável”, relata o professor.

Depressão e câncer
Para a professora de gestão ambiental da Universidade Metodista, Tassiane Boreli Pinato, além das doenças que podem trazer, os carros abandonados podem causar depressão e câncer. Se o veículo está em contato com o asfalto, diz, a contaminação demora mais, mas se está diretamente no solo, os pneus e outras partes podem liberar substâncias tóxicas que causam até câncer e isso pode contaminar o solo de tal forma que ele não poderá mais ser usado para plantio. “Essas substâncias podem chegar até o lençol freático e contaminar as águas”, destaca. “Outra análise que e faço quanto à saúde pública é que essa situação afeta os três pilares da sociedade, o ambiental, o social e o econômico. A poluição visual de uma rua ou bairro é um fator que pode desencadear a depressão”, afirma.

Prefeituras da região leiloam carros em 90 dias

As prefeituras informam que quase 500 veículos foram apreendidos este ano. A maior parte deles foi apreendida em Santo André (211), onde foi criado o programa Lata Velha. A Prefeitura atende a denúncias, vai ao local e fixa no veículo um aviso. O dono tem cinco dias para contestar e se não o fizer o carro é levado para o pátio. O abandono de veículos pode ser denunciado no telefone 0800-019-1944, na Praça de Atendimento no Paço ou nos Postos SIM.

Em São Bernardo, de janeiro a julho foram apreendidos 35 carros. As denúncias podem ser feitas pelo aplicativo SBC na Palma da Mão, nos telefones 2630-7530 e 2630-7535 e/ou nos postos do Atende Bem.

Ribeirão Pires recolheu até julho 153 autos, uma média de 20 por mês. Já Diadema apreende em média 10 veículos por mês. Este ano já foram recolhidos 80. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 118 ou pelo aplicativo Tô Ligado, que pode ser baixado pelo site da Prefeitura.

São Caetano relata que entre janeiro e julho foram notificados 216 veículos, sendo que 175 deles foram retirados pelos proprietários e 21 recolhidos. Os canais de atendimento são 4221-1622 / 4221-1321, pelo e-mail semob@saocaetanodosul.sp.gov.br ou até mesmo pelo Atende Fácil. Mauá e Rio Grande da Serra não responderam.

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