O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Vagnão, disse nesta terça-feira (03/09), durante o anúncio oficial da aquisição da Ford pelo Grupo Caoa, que a próxima etapa das negociações será a recolocação dos 1,2 mil trabalhadores que perdem o emprego com venda da fábrica de São Bernardo. Segundo os cálculos do sindicalista, dos 2,6 mil trabalhadores que a montadora tinha em fevereiro, 800 serão usados na fabricação de caminhões e 600 para a parte administrativa da Ford que vai se manter no local, portanto 1,2 mil ficarão desempregados.
“Temos o conhecimento de que a Caoa tem interesse em produzir automóveis também, mas neste primeiro momento 1,2 mil trabalhadores não terão espaço. O que a gente espera é que, na evolução destas negociações, mais trabalhadores possam ser contratados”, disse Vagnão.
Mesmo os funcionários que vão ficar após a venda da Ford, terão que se submeter a salários menores. “Nós negociamos e já comunicamos aos trabalhadores, que os salários ficarão entre 70% e 80% dos que recebem os trabalhadores Ford. Mas ainda é muito maior do que as empresas de fora do ABC”, explicou Vagnão que acrescentou que essa negociação também envolveu um PDV (Plano de Demissões Voluntárias) que atendeu aos trabalhadores que não tinham interesse em se manter com a Caoa e que receberam dois salários para cada ano trabalhado.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, declarou ainda que a produção de caminhões pela Ford vai continuar até outubro. Ele também aponta que alguns dos trabalhadores especializados da montadora podem ser aproveitados em outras empresas como General Motors ou Mercedes-Benz. Sobre a Volkswagen, as declarações de Vagnão vão contra o que divulgou o governador João Doria que, em viagem à Alemanha anunciou mais de mil empregos com novo produto a ser feito na fábrica de São Bernardo. “O que foi anuciado na Volks não reflete em contratação direta neste momento”, concluiu o sindicalista.