A fiscalização realizada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) na terça-feira (25/06) em 25 equipamentos de saúde do ABC flagrou ausência de médicos nos plantões, banheiros interditados, equipamentos de imagem quebrados e até medicamentos vencidos. A fiscalização foi feita simultaneamente em 300 unidades de saúde do estado.
Apenas o relatório referente a Ribeirão Pires não foi divulgado até o fechamento desta edição. São Bernardo foi a única cidade que não teve apontamentos feitos pelos fiscais do tribunal de contas. Na cidade foram vistoriados três estabelecimentos: o Hospital Anchieta e as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da Vila Euclides e Vila Marchi.
São Caetano
No Hospital Albert Sabin, em São Caetano, o TCE encontrou os banheiros adaptados sem barras de apoio, ausência de farmacêutico, remédios próximos do vencimento; raio X quebrado, ausência de ABCB, falta de controle da qualidade da água e buraco no forro da UTI. No Hospital Maria Braido o responsável pelo setor de medicamentos não possui formação específica na área e não há farmacêutico. Na unidade também foram encontrados embalagens do Mononitrato de Isossorbida vencido em maio; equipamentos em desuso e o depósito não tem boas condições de uso, já que o piso está deteriorado. O prédio não tem AVCB.
Ausência de farmacêutico também foi constatada no Hospital Euryclides de Jesus Zerbini. Na unidade também foi encontrado remédio vencido; o Isossorbida 10mg com prazo de uso expirado em maio. Os fiscais também encontraram uma cama quebrada e câmara fria soltando água no piso. O local também não tem AVCB.
Rio Grande da Serra
Em Rio Grande da Serra os fiscais do TCE foram até a UPA Vereador José da Rocha Gonçalves e encontraram elevador quebrado
Há rampas de acesso na entrada, entretanto o elevador da unidade que dá acesso à área administrativa se encontra quebrado, banheiro para portadores de necessidades especiais em obra e os demais estavam molhados e com mau cheiro. Escalada para o turno durante a vistoria, a médica pediatra não estava na unidade.
Santo André
O TCE encontrou medicamentos vencidos no Hospital da Mulher Maria José Stein. Tratam-se de medicamentos manipulados comprados em janeiro. Reclamação dos pacientes relatada aos fiscais é a demora no atendimento após a triagem, que chega a 1h30.
Na UPA Central a porta do banheiro para deficientes estava quebrada. Nos demais a higienização deixou a desejar além de ser encontrado um espelho quebrado oferecendo risco de acidente. Os banheiros também não tinham papel nem sabonete. A pediatra escalada para o plantão também estava ausente e o livro de ponto dos médicos não estava assinado pelos que estavam na escala. O ABCB da unidade venceu em 20/06.
A UPA Perimetral inaugurada há pouco mais de um mês também tem problemas segundo a fiscalização do TCE. Na sala de espera 2 as cadeiras são insuficientes e parte dos pacientes fica em pé. O banheiro feminino acessível estava interditado e trancado.
Mauá
A unidade de Pronto Atendimento da Vila Magini em Mauá também tem problemas com banheiros, aquele destinado a deficientes estava fechado e o que é usado pelos pacientes em geral estava em péssimas condições. Os fiscais consideraram desorganizado o controle de frequência dos funcionários.
Na Vila Assis, a UPA tem banheiros sem luz, sabonete e papel e o Eletrocardiógrafo tem problema de fiação e está sem uso. Já na UPA do Jardim Zaíra dos quatro banheiros apenas dois funcionavam e mesmo assim sem papel e sabão. As folhas de frequência dos médicos não continham as assinaturas de entrada. Na UPA Barão foi feita apenas uma anotação; falta de sinalização para deficientes visuais e rampa para cadeirantes.
Em nota a prefeitura de Mauá informa que está tomando providências para regularizar a aparelhagem. “Desde que o novo secretário de Saúde assumiu a pasta, ele começou, a pedido da prefeita Alaide Damo, a vistoriar todos os equipamentos de saúde do município, para verificar as deficiências em aparelhagens, falta de insumos e medicamentos etc.Desde sua primeira semana, o secretário tem se reunido com os gestores de UBSs, UPAs e do Hospital Nardini de modo a verificar e corrigir os problemas do melhor modo e o mais rapidamente possível, como no caso dos apontamentos do Tribunal de Contas do Estado”, informa.
Diadema
Em Diadema foram vistoriadas a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Paineiras, o Hospital Público Municipal, o Pronto Atendimento de Eldorado, o Pronto Socorro Central e o Quarteirão da Saúde. Na UPA foram encontrados banheiros com cabines interditadas e com falta de papel e sabão. A unidade registrou espera de 3 horas para atendimento, não tinha farmacêutico e os resíduos não estavam separados e estavam expostos. A unidade também não conta com AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). No Hospital Público os fiscais anotaram as condições ruins de atendimento, com sala de espera sem ventilador ou ar-condicionado e espaço pequeno com pessoas aguardando em pé. Também foram encontrados remédios próximos da data de vencimento.
Em nota a prefeitura diz que está sendo feito um contrato de manutenção para regularizar a situação. “Demais manutenções nos banheiros estão no cronograma. A UBS possui farmacêutico de referência e a disposição dos medicamentos encontrada no dia é temporária para organização definitiva do estoque. Os equipamentos em desuso aguardam avaliação técnica para baixa patrimonial e o AVCB está em curso. Para acondicionamento de resíduos hospitalares, há gaiolas específicas para lixo infectante e lixo comum”.
Em Eldorado os pacientes também não têm cadeiras suficientes para aguardar atendimento e não há ventilador ou ar-condicionado; o banheiro para deficientes estava quebrado e fechado e não havia banheiro para o público em geral. No momento da fiscalização os médicos não se encontravam em seus postos de trabalho. Sendo que, dos 4 médicos em plantão no momento da visita, 2 não estavam em seus postos, sendo que 1 dormia na sala de descanso dos funcionários. A unidade também não tem farmacêutico e as condições de armazenamento dos remédios não foram consideradas adequadas além de também não ter o AVCB.
A prefeitura de Diadema informou que vai investigar a falta dos profissionais. “Quanto à ausência do profissional, será verificada em que condições a situação ocorreu. O PA possui farmacêutico de referência e a disposição dos medicamentos encontrada no dia é temporária para organização definitiva do estoque. Os itens acondicionados na farmácia estão dentro da validade. O acesso de medicamentos controlados é restrito aos profissionais de saúde autorizados. As manutenções estão no cronograma da Prefeitura e há banheiros para uso da população, já os equipamentos em desuso aguardam avaliação técnica para baixa patrimonial e o AVCB está em curso”, justificou a prefeitura.
No PS Central foram os enfermeiros que não estavam em seus postos de trabalho nem havia justificativa para as faltas. Os medicamentos estavam em local onde bate sol de forma direta e em local sem segurança. Na unidade os fiscais encontraram também um aparelho de raio X quebrado. Os pacientes são acomodados em macas nos corredores e o local também não tem acompanhamento da qualidade da água e não tem AVCB. A prefeitura informa que vai verificar em que condições a situação aconteceu e também disse que a situação dos medicamentos “é temporária”. O controle da qualidade de água é realizado pela Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, segundo relatou a administração.
No Quarteirão da Saúde foram apontados problemas nos banheiros como a ausência de papel higiênico e papel toalha, saboneteira quebrada, vasos sem tampa e sujeira no piso. Também foi considerado inadequado o armazenamento e segurança dos medicamentos controlados. A unidade tem um Tomógrafo quebrado e o Mamógrafo funciona, mas não tem quem o opere, pois não há profissional treinado para tal. Uma das máquinas de ultrassom está obsoleta e em desuso e o prédio também não foi vistoriado pelos bombeiros. A assessoria de imprensa da prefeitura explica que as manutenções estão no cronograma e detalhou a situação dos equipamentos. “Quanto à manutenção do tomógrafo, já foi expedida nota de empenho para manutenção. As mamografias são agendadas em serviços estaduais de referência. O AVCB está em curso. O controle da qualidade de água é realizado pela Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde”.