Discutir o modelo de atendimento em saúde mental e lutar contra a existência de hospitais psiquiátricos foi o foco do Seminário “Por uma Sociedade sem Manicômios”, promovido por Diadema nesta sexta-feira (31/5), no auditório do Quarteirão da Saúde. O evento reuniu palestras sobre o tema, apresentações culturais e de trabalhos dos usuários de serviços de saúde mental.
Após a exibição do webdocumentário Mentalmorfose (produção de alunos de Comunicação da Universidade Metodista), a economista do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (CONSEMS) de São Paulo, Mariana Melo, palestrou sobre os Desafios Atuais da Política de Saúde Mental. “O SUS é um direito pelo qual a gente luta todos os dias. Ele surgiu com responsabilidade financeira de três esferas: municipal, estadual e União, mas mostra uma questão bem delicada, justamente por conta de restrição orçamentária. O que observamos é uma descentralização da responsabilidade e não do recurso. Quem arrecada mais é a União, porém quem gasta mais é o município”, afirmou.
Após os movimentos psiquiátricos da década de 1980, a legislação federal garantiu que os recursos gerados pela eliminação dos leitos psiquiátricos devem ser necessariamente destinados à rede de serviços extras comunitários de saúde mental, como Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) e residências terapêuticas.
Hoje, aproximadamente duas mil pessoas são acompanhadas nos CAPSs. Os serviços oferecem atendimento multiprofissional, já que o adoecimento psíquico é multifatorial.
A palestrante convidada ainda ressaltou a importância de o cuidado ser disponibilizado em Redes de Atenção Psicossocial de Diadema (RAPS). “A rede é mais abrangente para cuidar das pessoas do que um equipamento especializado em saúde mental. Não se consegue construir saúde mental se não há diálogo com a escola e a assistência social, no território ou no bairro, e com os muitos atores que envolvem o cuidado, pois a vida se dá no cotidiano e não no hospital”.
A RAPS de Diadema reúne três CAPSs tipo III, um CAPS Álcool e outras Drogas, um CAPS Infanto-Juvenil, equipes de saúde mental em todas as 20 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), uma residência terapêutica e um pronto socorro com enfermaria psiquiátrica no Hospital Municipal.
O evento terminou com a apresentação do coral dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) de Diadema.