Em sessão volátil, dólar fecha em leve alta com ajustes técnicos

Após uma manhã de muita instabilidade, marcada pela divulgação do PIB de Brasil e dos Estados Unidos, o dólar trabalhou a maior parte da tarde desta quinta-feira, 30, em queda firme. Com uma arrancada na reta final dos negócios, porém, acabou fechando a R$ 3,9784, em leve alta de 0,06% (mínima de R$ 3,9553 e máxima de R$ 3,9934).

Segundo operadores, o vaivém da moeda americana nesta quinta-feira foi fruto de movimentos técnicos e de ajustes de posições, em meio à disputa pelo fechamento, nesta sexta, da Ptax de maio, que vai servir de referência para liquidação de contratos futuros de dólar e cupom cambial que vencem na virada do mês, além do ajustes de posições em swap cambial.

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Sinais positivos no front político nesta semana – aprovação da MP da reforma administrativa e pacto dos Três Poderes – animaram os investidores. O temor de uma degringolada da governabilidade deu lugar a certo otimismo com a perspectiva de aprovação da reforma da Previdência na Câmara até julho, o que abriu espaço para ajuste nos preços dos ativos locais.

A queda de 0,2% do PIB do primeiro trimestre (na margem), embora ratifique a fraqueza da economia brasileira, mostra a necessidade de um arranjo político que traga confiança aos agentes econômicos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a retração do PIB não era “novidade” e que, com “as reformas estruturais, o Brasil vai retomar o crescimento sustentável”.

Segundo o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, apesar da queda expressiva na quarta, o dólar ainda “segue caro”, pois não há fundamento que sustente a cotação atual, dado que não há escassez de divisas. Ele lembra que dados do Banco Central divulgados na quarta mostram que o fluxo cambial total em maio até o dia 24 é positivo em R$ 1,614 bilhão – fruto de saldo líquido de US$ 1,235 bilhão do comércio exterior e de US$ 378 milhões pelo canal financeiro. Além disso, no último dia 22, o BC conclui rolagem antecipada de US$ 3,75 bilhões em linhas com compromisso de recompra, para atender quem precisava de liquidez em moeda estrangeira.

“Com a melhora no ambiente político, não deu para sustentar o dólar acima de R$ 4, que era um patamar muito elevado. A cotação ainda é alta, mas existe uma resistência grande, porque o mercado é basicamente comprado e os agentes estão tentando ajustar as posições”, afirma Galhardo, ressaltando que a busca por hedge ainda é grande, dadas as incertezas externas, com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, e os riscos de um revés na tramitação da reforma da Previdência.

Para diretor da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, a ação dos comprados em dólar futuro em torno da disputa pela Ptax do fim do mês impediu um recuo mais forte da moeda americana hoje. Nehme acredita que, dado os avanços recentes no front político, junho pode marcar um “ponto de inflexão”, com o otimismo em relação à Previdência levando o dólar a trabalhar com viés de queda, rumo aos R$ 3,80 ou R$ 3,75.

No exterior, o dólar ganhou força em relação à grande maioria das divisas de países emergentes e exportadores de commodities, sobretudo ante o rand sul-africano, o rublo e o peso colombiano. Já o índice DXY – que mede variação da moeda americana ante uma cesta de seis divisas fortes – girava perto da estabilidade.

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