ABC - sexta-feira , 17 de maio de 2024

Região vive mais um dia com água suja e protestos

Moradores de Santo André organizaram protestos. (Foto: Reprodução)

Dois protestos na tarde desta terça-feira (30/04) em Santo André, mantiveram acesa a revolta da população da região em relação à qualidade da água fornecida pela Sabesp. Os protestos aconteceram perto do Morro da Kibon, na avenida Valentim Guimarães, na Vila Guarani, e outro Favela Cruzado II, onde os moradores relataram que estão há vários dias com torneiras secas. A Sabesp alega que está resolvendo o problema da coloração da água e de abastecimento. Também nesta terça-feira, a companhia estatal iniciou atendimento móvel à população, com vans instaladas em pontos da região. Em São Bernardo houve fila para atender aos reclamantes.

Os moradores que interditaram a avenida Valentim Guimarães queimando móveis e pneus, disseram que a falta de água afeta algumas pessoas havia 15 dias. No Cruzado II os moradores disseram que falta água há 11 dias sem água. A Sabesp diz que o problema foi gerado pela troca de sistema que abastece a cidade. “Com relação ao abastecimento de Santo André, em função dos problemas, foi realizada a substituição da água fornecida pelo Sistema Rio Grande por água produzida no Sistema Rio Claro, o que tem ocasionado oscilações no abastecimento em alguns momentos do dia por conta da rede de distribuição de Santo André”, disse a companhia em nota.

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Já o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) diz que a Sabesp não manda água suficiente para a cidade desde o início do problema da coloração. “Desde a semana passada, a Sabesp não envia para Santo André a quantidade de água suficiente para abastecer toda a população. A diminuição passou a ser diária após o problema da água suja, que atingiu o sistema de tratamento Rio Grande/Billings, da companhia estadual. Os bairros afetados são abastecidos pelos reservatórios Vila Vitória e Paraíso. O Semasa tem feito todo o esforço para regularizar o fornecimento e tem cobrado a Sabesp para que entregue a quantidade de água suficiente para abastecer a cidade. É importante reforçar que a situação só vai se normalizar quando a Sabesp voltar a enviar para Santo André o volume normal de água. Lembrando que o Semasa monitora a água que chega à cidade pelo sistema Rio Grande/Billings e que, quando constata alterações de cor, faz a descarga da rede”, disse em nota.

Até o prefeito Paulo Serra (PSDB) usou as redes sociais para falar do problema. “Estamos trabalhando de forma intensa para resolver definitivamente os problemas da falta de água em Santo André. Novamente, a cidade sofreu com desabastecimento, que comprometeu 30% do município, por conta de problemas pontuais no sistema Rio Grande, agravado pela falta de investimentos nas linhas primárias e no sistema de distribuição. Há mais de 20 anos nossa cidade não investe na modernização da rede. Por isso, cobramos diariamente da Sabesp agilidade e soluções efetivas, além de um estudo para ampliar as alternativas de abastecimento, oferecendo acesso a outras linhas de distribuição. Pedimos desculpas pelo transtorno. Sabemos como é difícil esta situação para a nossa gente. Mas, estamos bem próximos de encerrar, de uma vez por todas, esta crise, para que nunca mais falte água em Santo André”, destacou.

SÃO BERNARDO

Moradores fazem fila para serem atendidos no posto móvel da Sabesp montado na Praça da Matriz. (Foto: Pedro Diogo)

Em São Bernardo, no bairro Baeta Neves, a situação é a mesma. Moradores reclamam que a água não abastece as casas há dias. Em condomínio na rua Aparecida os moradores estão sem água há pelo menos uma semana. “Temos água apenas para necessidades básicas. Não podemos nem sequer lavar as nossas roupas”, conta a dona de casa Carolina Mendes. Na rua Antônio José Marques, também no Baeta, além de faltar água durante o dia, a coloração da água é outro problema. “O pouco que sai das torneiras é amarelado, não tem condições de usar a água assim, vou ter que comprar no mercado”, diz a dona de casa Silvana Santos.

Sobre a situação do Baeta a Sabesp alegou falta de energia. “A Sabesp informa que os problemas relacionados à falta d’água estão solucionados. Em relação ao caso específico do bairro Baeta Neves, a companhia esclarece que o abastecimento foi afetado pela falta de energia elétrica na região da estação de bombeamento das 16h de domingo (28/04) às 21h de segunda-feira (29/04), o que impediu que a água fosse bombeada. Após o restabelecimento da energia, o abastecimento foi regularizado gradativamente. Sobre eventuais casos de água com coloração, pedimos, por gentileza, endereços de imóveis afetados para que técnicos da Sabesp façam a vistoria”, informou.

DIADEMA

Em Diadema não faltou água, mas o que tem chegado às torneiras não se parece com água. Dario Handa, morador do Centro relata que na segunda e terça-feira (dias 29 e 30/40), mesmo após protestos e audiência pública que ocorreu na Câmara a coloração da água não melhorou. “Continua vindo amarelada, não tanto quanto há duas semanas quando vinha marrom, com aspecto de ferrugem, mas ainda amarela e não dá para usar. Para beber estamos comprando mineral, para cozinhar uso do filtro, que passei a trocar com mais frequência”, disse. O morador contou ainda que em sua casa todos já tiveram mal estar tendo a água como suspeita. “Nada grave, só dor de barriga mas isso não deveria acontecer pois pagamos caro e deveríamos ter uma água confiável”. Handa disse ainda que o problema estourou agora, mas água ruim já vem sendo enviada para as casas faz tempo. “Em fevereiro lavei minha caixa d´água e tinha mais de dois dedos de sujeira no fundo uma lama, agora fui ver e está sujo tudo de novo. Isso é revoltante”.

A Sabesp diz que a coloração ainda é resíduo do problema da primeira quinzena de abril. “A Estação de Tratamento de Água Rio Grande está voltando gradativamente à sua capacidade total de produção e normalização da distribuição de água na rede de abastecimento. A água tratada já está de volta aos padrões normais, mas, até que haja completa normalização da distribuição, resquícios da água com cor podem estar ainda presentes nas tubulações”, justifica a companhia.

UNIDADES MÓVEIS

Seu Ernesto disse que caixa está suja e reclamou do atendimento. (Foto: Pedro Diogo)

A Sabesp colocou nesta terça-feira (30/04) duas unidades móveis, uma em São Bernardo e outra em Diadema. As agências ficarão estacionadas em locais de fácil acesso para esclarecer as dúvidas dos consumidores em relação ao desconto concedido pela companhia em decorrência da alteração de cor da água do Rio Grande, consumida entre os dias 17 e 25 de abril.

Em São Bernardo, a unidade da Sabesp está estacionada na Praça da Matriz. A companhia vai avaliar caso a caso e conceder a isenção nas contas emitidas, especificamente, entre 25 de abril e 24 de maio. O atendimento segue até o dia 24 de maio, de segunda a sábado, das 9 às 16 horas.

Em Diadema, a Unidade Móvel vai atuar até o dia 11 de maio no Parque Ecológico (avenida Nossa Senhora dos Navegantes), no bairro Eldorado. Depois, entre os dias 13 e 25 de maio os serviços serão prestados na avenida Pau do Café, 1500, dentro do Centro Cultural Promissão. O serviço estará à disposição de segunda à sexta feira, das 9 às 16 horas.

O aposentado Ernesto Luiz Chagas, 69 anos, Morador do Baeta Neves foi um dos que aguardava na fila para falar com a Sabesp no posto móvel da Praça da Matriz. “A água continua barrenta, com um cheiro ruim. Dei uma olhada na caixa e tem uns 10 centímetros de lama, barro e eu não sei o que fazer para limpar. A Sabesp tinha que falar sobre isso, como vamos fazer para limpar a água. Eles tinham que dar um desconto direto na conta e não fazer essa fila aqui, o pessoal está saindo de tudo quanto é canto para vir aqui”. Nos postos móveis as pessoas podem fazer a atualização cadastral, pedir a redução da conta em relação 30% e o parcelamento da mesma.

Além das unidades móveis, a Sabesp possui outros canais de atendimento como a Central de Atendimento Telefônico (195 para Região Metropolitana de São Paulo e Região Bragantina; 195 ou 0800 055 0195 para demais cidades do interior e litoral) que funciona 24 horas, atendendo aos casos emergenciais. A Agência Virtual, também 24 horas, no site www.sabesp.com.br, assim como no aplicativo Sabesp Mobile.

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