Para as eleições de 2020 o PT deve recorrer às lideranças antigas para tentar recuperar o espaço perdido no ABC em 2016. Figuras como João Avamileno, de Santo André, José de Filippi Jr, de Diadema, Oswaldo Dias, de Mauá, são alguns nomes que devem voltar ao cenário político. A análise é do ex-prefeito de São Bernardo e presidente estadual do partido, Luiz Marinho, que também é cotado para disputar a prefeitura pela terceira vez. No RDtv desta terça-feira (26/03), o petista conversou com os jornalistas Carlos Carvalho e Leandro Amaral sobre as próximas eleições municipais e sobre análise do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre as obras que integram o projeto de drenagem do Centro de São Bernardo, que apontou sobrepreço de R$ 101 milhões, na obra iniciada na sua gestão.
Marinho se disse tranquilo quanto ao parecer e disse que esse é um procedimento normal; o de questionar os gastos. “Isso é normal nos órgãos de controle, de terem dúvidas, isso aconteceu em inúmeros processos, eu tenho as oito contas dos meus dois mandatos aprovadas pelo Tribunal. Tenho certeza absoluta que está tudo certo e no caso do Centro Seco, será da mesma forma. Não tive acesso a esse parecer e é estranho que antes das autoridades poderem prestar contas a imprensa já sair avisando”, disse o ex-prefeito.
Para justificar custos mais altos, Luiz Marinho disse que por questões técnicas e sugestão do Ministério das Cidades, a prefeitura optou por um método construtivo mais seguro, porém mais caro. “Um técnico do Ministério alertou sobre o acidente da linha 4 no Metrô e optamos pelo método diferente no túnel da Jurubatuba. Não tenho de cabeça, mas a diferença é muito grande de um método para outro. Confio plenamente no Ministério das Cidades e na Caixa Econômica Federal, que fez todo planejamento, estou muito tranquilo, no mais, não passa de ilações”, defende-se. “O atual prefeito contratou auditoria do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), e até agora não deu nada. Constatou que está tudo certo. Por isso não fizeram estardalhaço”, atacou o petista que diz que pode estar sendo vítima de uma campanha para minar sua futura candidatura. “Mas nem sei se serei candidato”, declara.
LÍDERES

Ao comentar sobre as próximas eleições e sobre a posição do partido na região, Marinho usou a expressão; “Vamos recuperar as cidades”, e disse que como não se forma lideranças da noite para o dia, os veteranos da sigla serão convocados para a missão de recuperar o terreno perdido no ABC. “Cada cidade vai poder analisar se terá candidatura própria, mas teremos chapa de vereadores completa em todas as cidades. Para prefeito vamos analisar ou eventualmente apoiar alguém. Não é proibido”, disse Marinho que depois analisou a situação da região, cidade por cidade. “Em Santo André o João Avamileno é liderança respeitável. Fez um bom governo, depois veio o (Carlos) Grana que recuperou o governo após 4 anos da administração Aidan Ravin. Aí veio o antipetismo e as dificuldades. Vamos observar e em 2020 e ver qual liderança melhor se destaca. Eu enxergo essas três situações: lideranças preparadas, como o veterano Avamileno, como o veterano mais jovem, o Grana, ou se coloca um nome novo , como a Bete Siraque, que é uma nova liderança também”.
Para Luiz Marinho, Diadema é a cidade que mais tem lideranças preparadas para a disputa municipal. “PT tem criado lideranças em todas as cidades. Em Diadema tivemos a Lilian Cabrera (ex-vereadora), que é uma liderança em potencial, tem o Zé Antônio (ex-vereador e ex-secretário de Educação), Orlando Vitoriano e o Ronaldo Lacerda (vereadores). Eu acho que o Filippi é a liderança que pode ser o projeto vencedor na cidade. Em São Bernardo temos a Ana do Carmo, o Tarcísio Secoli, o Teonílio Barba (deputado estadual)”, apontou. A Ana do Carmo, Marinho fez um destaque, de que ela pode voltar à Câmara de São Bernardo. “Se for a vontade dela ser vereadora, é uma extraordinária candidata”.
Em Mauá, Marinho aposta na volta de Oswaldo Dias ou no hoje vereador, Marcelo Oliveira. “Em toda essa confusão ele e o Chico do Judô foram os únicos que ficaram fora, isso o credencia. Em Rio Grande o Claudinho errou ao sair do PT por uma bobagem. Mas lá vamos ter candidato como também em Ribeirão Pires”.
Somente em São Caetano o PT dificilmente terá candidato a prefeito, segundo a análise de Marinho. “Liderança não se faz por decreto e lá o PT não tem condições de fazer uma liderança, não vamos vender ilusão, mas é possível surpreender recuperando vagas no Legislativo”, disse Marinho que vê no atual presidente do Legislativo, Pio Mielo, ex-petista hoje filiado ao MDB, uma liderança em ascensão.
LULA

Ao falar de quase um ano da prisão do ex-presidente Lula, Marinho, culpou a mídia e as mudanças “perigosas” no Judiciário. “Importante ter serenidade para debater esses assuntos e não embarcar em uma onda. Me perguntam se eu comemorei a prisão do Michel Temer, eu não comemorei não. O que eu defendo para ele, defendo para o Lula e para o Paulo Preto, é o respeito ao processo legal e as leis. A condenação do presidente Lula, é um absurdo. Se você ler a sentença do juiz Sergio Moro, não vai encontrar uma única prova para condenar. Ou seja, é uma condenação porque quer condenar, isso não está coberto pela nossa legislação. A sentença é a maior aberração jurídica do século. Daqui há 100 anos vão se debater como um verdadeiro absurdo e o TRF4 respaldou a maior aberração jurídica do século. A Constituição é clara, prisão é depois de trânsito em julgado”.
“A culpa disso tudo é da mídia”, aponta Luiz Marinho. “Alguém faz uma aberração vão lá e batem palmas; dá em todos os jornais. Um juiz, um desembargador, um ministro, um procurador não deve dar entrevista falando o que pensa, ele escreve no processo. Virou bagunça, qualquer juizinho sai falando pelos cotovelos, antecipa voto, isso é inaceitável e muito perigoso. Tivemos ditadura militar e estamos assistindo a ditadura da toga; passa-se toda hora por cima da Constituição para perseguir A, B ou C”.
FORD
Marinho, que iniciou na política como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, falou sobre as negociações com a montadora Ford, que em fevereiro anunciou sua saída de São Bernardo, onde produz carros e caminhões. Conseguimos, os trabalhadores e sindicato, segurar a Ford por 20 anos aqui, neste momento é uma decisão corporativa da Ford global. O Vagnão (presidente do sindicato, Wagner Santana) e o Rafael Marques (ex-presidente) estão trabalhando no sentido de encontrar uma saída para preservar a planta sem a Ford. A produção do caminhão e a unidade pode permanecer a partir de um arranjo que estamos buscando fazer. O governo do estado vem se movimentando. Estamos buscando parceiro que tenha interesse de preservar a fabricação de caminhão já que tem trabalhadores preparados e capacitados para dar continuidade. Vamos torcer para que a Ford tenha responsabilidade para dar sua contribuição e não lucrar mais uma vez neste momento de saída”, finalizou.