Entre os mais de 2 milhões de eleitores do ABC, 52,99% são mulheres. Apesar de ter a maioria, a participação feminina na política ainda não condiz com o número de representantes nas câmaras e na Assembleia Legislativa. A deputada estadual eleita Carla Morando (PSDB) e a vereadora de São Bernardo Ana Nice (PT) destacam que quanto mais representantes mulheres no setor público mais fácil será emplacar pautas voltadas a este público.
Apesar das diversas campanhas que demonstram ser o cenário político nacional dominado por homens, o aumento da participação das mulheres varia conforme a eleição. No ABC, dos 142 vereadores são apenas quatro mulheres. Apesar do afastamento de Elian Santana (Santo André, SD), o número se manteve com a ascensão de Magali Pinto (PSD), em São Caetano.
“Claro que isso cria uma série de dificuldades para emplacar projetos para as mulheres. Além da dificuldade pela composição política, pouco se faz pelas mulheres em relação às propostas e assim não somos assistidas. Mesmo assim lutamos para falar sobre as nossas questões e assim aumentar a participação feminina na política”, disse Ana Nice, única mulher entre os 28 vereadores de São Bernardo.
Em relação à representação da região na Assembleia paulista, de duas eleitas em 2014 (Ana do Carmo – PT e Vanessa Damo – MDB), apenas Carla Morando conquistou apoio suficiente para emplacar seu nome entre os 94 eleitos. No total, foram 18 eleitas.
“As mulheres são a maioria dos eleitores e as que mais utilizam o serviço público, então demorou para que entrassem cada vez mais na política até porque elas são quem acabam atingidas diretamente pela política. É muito importante a participação das mulheres para poder colocar o seu ponto de vista, quais são os problemas que elas encontram e o que daria para ser feito”, explica Carla.
Historicamente, as mulheres sempre tiveram grandes obstáculos no mundo político. O direito ao voto começou com regras que eram mais favoráveis aos homens do que as mulheres como a exigência de renda ou de alistamento. A primeira mulher que teve direito de escolha em uma eleição foi Celina Guimarães Viana, nos anos 1920, no Rio Grande do Norte.
De lá para cá, entre as várias mudanças no código eleitoral, o voto feminino chegou a ser facultativo ou apenas permitido após a autorização do pai, para as solteiras, ou do marido. Apenas em 1965 houve a igualdade entre homens e mulheres nas eleições.
A última mudança de regra foi a obrigatoriedade para que as chapas proporcionais sejam compostas de pelo menos 30% de mulheres. “Temos de ter uma maior participação ainda. São políticas afirmativas para que possam olhar melhor para as mulheres e que possam perceber que não dá para conversar sem as mulheres”, diz Ana Nice.
Carla lembra que todos sabem que as mulheres têm três turnos, cuidam do trabalho, temos um maior número de chefes da família. Também cuidam da família e também querem participar da política. “Participando mais da política, exigem ainda mais que melhorem os serviços públicos”, completa.