No último domingo de janeiro (27/1) é celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (janeiro Roxo). O objetivo do movimento é reforçar o compromisso em controlar a hanseníase, oferecer diagnóstico da doença e seu tratamento correto, bem como difundir informações e desfazer o preconceito.
Durante todo o mês, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), por intermédio do Departamento de Hanseníase e a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), promovem campanhas e ações educativas para a população. De acordo com dados da OMS, o Brasil é o segundo país mais endêmico do mundo, atrás somente da Índia. As regiões norte e centro-oeste são as mais afetadas.
Historicamente conhecida como lepra, a hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. A doença é transmitida de pessoa para pessoa pelas vias respiratórias e, se não tratada logo no início, evolui, torna-se transmissível pode levar a incapacidades físicas. As áreas mais afetadas são os nervos superficiais da pele e os troncos dos nervos periféricos (localizados na face, pescoço, braços, pernas), mas a doença também pode afetar os olhos e órgãos internos (mucosas, testículos, ossos, baço, fígado etc.).
De acordo com Thaiz Santos Ochôa, dermatologista do Hospital América de Mauá, estima-se que a maioria da população possua defesa natural contra a doença mas que familiares de pessoas com hanseníase devem dobrar os cuidados, já que a susceptibilidade ao M. lepraepossui influência genética “Assim, familiares de pessoas com a condição possuem maior chance de adoecer”, afirma.
A doença apresenta-se de várias formas na pele e pode parecer com diversas outras doenças de pele mais comuns, o que pode dificultar o seu diagnóstico e atrasar o tratamento. Os principais sinais e sintomas da hanseníase são áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas, acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor e/ou ao tato, podendo ou não ser dolorosa; formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber; pápulas e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas; diminuição ou queda de pelos no corpo ou no local da lesão, podendo acometer os pelos das sobrancelhas (madarose); pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local; diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, mãos e pés; entupimento, feridas e ressecamento do nariz; ressecamento e sensação de areia nos olhos.
O diagnóstico é feito por meio do quadro clinico do paciente e por exames subsidiários (baciloscopia e biópsia de pele). O médico pode optar também pelo teste de sensibilidade. Diagnosticada a doença, o paciente é colocado numa tabela de classificação que possui dois polos: de um lado os pacientes com mais imunidade e que, na maioria das vezes, possuem menos lesões e no outro pacientes com baixa imunidade à bactéria e que possuem mais lesões
O tratamento da hanseníase é realizado através da medicação, poliquimioterapia, com duração de 6 meses a 1 ano a depender da classificação do diagnóstico. O tratamento é supervisionado por agentes de saúde com supervisionadas de acordo com o Ministério da Saúde. “O objetivo geral da prevenção é proporcionar ao paciente a manutenção ou melhora de sua condição física, socioeconômica e emocional. Considerada a doença mais antiga da humanidade, a hanseníase tem cura, mas ainda é um grave problema de saúde pública”, finaliza.