O forte temporal que atingiu o ABC quarta-feira (17) provocou transbordamento dos córregos que cruzam Santo André e São Caetano e interditou as principais vias das duas cidades, como a avenida Guido Aliberti, além de parte da pista expressa da rodovia Anchieta, km 13, divisa com São Bernardo. A chuva e o vento que atingiu 76 km/h deixaram moradores ilhados, sem energia elétrica e árvores caídas em diversas ruas.
Uma das ocorrências foi na rua Clóvis Bevilácqua, no bairro Cerâmica, em São Caetano, onde uma árvore caiu, atingiu a fiação elétrica da rua e uma residência onde mora um casal de idosos ficou isolada por conta dos galhos. Vizinha das vítimas, a aposentada Fátima Esgrilies conta que o horário do incidente foi próximo ao de saída das crianças da EMEF Luiz Olinto Tortorello, e que o estrago poderia ter sido maior. “A árvore estava repleta de cupins. Ainda bem que caiu antes, senão poderia ter matado um”, diz.
A falta de poda de árvores preocupa também os moradores da rua Amazonas, onde um caminhão bateu em uma árvore com madeira fraca por conta das fortes chuvas e caiu em frente à residência do autônomo Laércio Ferraz, que passou o resto da noite com oscilações de energia elétrica. “Quem mora na parte baixa viu o tapete d’água arrastando as árvores”, conta.
Com aproximação do verão, a tendência de fortes chuvas no fim da tarde aumenta, e a preocupação dos moradores também. O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) registrou que o clima instável entre chuvas e calor deve permanecer devido à circulação marítima que deixa o céu encoberto e causa pancadas isoladas.
A previsão preocupa Fátima Tostes, professora e coordenadora do curso de Engenharia Civil, da Fundação Santo André, ao explicar que a época é atípica para precipitações. “Estamos em outubro e as chuvas já começaram a aparecer. O que temos para combater as inundações não é eficaz, falta manutenção e colaboração dos moradores para descarte consciente”, afirma.
Piscinões
Construídos para evitar enchentes nas vias, os piscinões dão conta de armazenar as fortes chuvas. O da avenida Príncipe de Gales, em Santo André, e o da Vila Vivaldi, em São Bernardo, são sinais disso. Seguem repletos de mato dentro e fora do reservatório, e em alguns pontos, não é possível ver escoamento da água, o que preocupa em dias de temporais.
Em nota, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) informa que a limpeza e manutenção nos piscinões é trabalho contínuo, e que os dois reservatórios devem receber limpeza no início de novembro. Já o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) alega que além do serviço de limpeza de córregos, efetua limpeza em bocas de lobo, manutenção de galerias de água pluviais e desobstrução de canaletas.
Para a professora Fátima, os reservatórios necessitam de soluções efetivas, e uma delas poderia ser a construção de estabelecimentos que ocupem o espaço aéreo, para assim gerar renda de manutenção e evitar inundação de vias. “A construção de um estacionamento solucionaria os alagamentos e disseminação de roedores, além de gerar renda para limpezas constantes” explica.
Segundo informações da Defesa Civil, somente na quarta-feira (17) foram registrados dois alagamentos em residências em níveis baixos em relação à rua, sendo: rua Espírito Santo e Pindorama, e outras 10 quedas de árvores, uma delas sobre um veículo. Diadema, Mauá e Ribeirão Pires informaram que não houve problemas em decorrência das chuvas. As outras cidades do ABC não responderam até o fechamento da edição.
Com trabalho de prevenção de riscos e responsável por monitorar condições de tempo e clima na região, o Consórcio Intermunicipal do ABC informou que por meio do aplicativo de celular “Alerta ABC”, o CGE envia informações à população e permite interação por meio de textos e imagens. As ocorrências enviadas são encaminhadas à Defesa Civil. (Colaborou Leticia Vasconcelos)