Serviços com alto valor adicionado podem alavancar PIB de São Caetano

Leandro Garbin, da Virtual CAE, coleciona resultados em São Caetano (Foto: Divulgação)

São Caetano completa 141 anos neste sábado (28) com alguns índices positivos, porém lições a fazer no âmbito econômico. Terceiro melhor PIB (Produto Interno Bruto) entre as sete cidades da região (em 2015 foi de R$ 13,3 bilhões), sua participação no total do Estado de São Paulo tem caído: de 1,22% em 2002 despencou para 0,69% em 2015, ano em que houve queda de 17,7% em relação a 2014. Um dos motivos, na visão do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS, foi o deslocamento e expansão da produção para o Interior e, por último, a crise econômica e política.

A garimpagem de atividades com alto valor adicionado na área de serviços, setor que responde por apenas 30,5 do PIB, é vista como saída para manter a cidade no patamar elevado em comparação às demais da região.

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“Serviços avançados e não os tradicionais precisam ser estimulados a virem para o município”, defende Jefferson da Conceição, coordenador do Observatório. Neste sentido estão empresas que lidam com projetos de indústria 4.0, tecnologia de informação, engenharia, laboratórios, startups, software, biotecnologia, nanotecnologia etc. A Virtual CAE, que comercializa e desenvolve softwares e presta serviços para engenharia, é exemplo. A empresa se instalou em 2005 em São Caetano e comemora resultados, como premiações da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por vencer o fornecimento de licenças do software Pyxis para o MIT (Massachusetts Institute of Technology). “Concorremos com desenvolvedores da Alemanha, EUA, França, Japão e EUA”, conta o engenheiro Leandro Garbin, diretor da empresa, que atende grandes empresas de vários segmentos.

De autoria da Virtual CAE, o Pyxis é usado pelas engenharias para redução de peso e alívio de tensão no desenvolvimento de projetos. Outra conquista foi o fornecimento da tecnologia para um consórcio formado pela Shell, Universidade de São Paulo (USP) e a Fapesp, que utilizarão o software em pesquisas voltadas à captação de gás carbônico do oxigênio e injeção no solo. “O sistema está sendo aprimorado para atender as demandas deles”, afirma.

O laboratório alemão, o Euroimmun, especializado em diagnóstico autoimune e pioneiro no fornecimento de exames de zika, dengue e chikungunya, chegou em 2017 no bairro Cerâmica. A empresa investiu R$ 12 milhões na unidade fabril, que começou a funcionar em março e prevê a fabricação de biochips. Hoje, as atividades são de pesquisas em testes para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), neurologia e também em inovação de produtos, além de suporte à confirmação de resultados de parceiros. A produção de testes começa em agosto. “A boa posição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), nível educacional e a infraestrutura nos atraíram”, diz Gustavo Janaudis, CEO da filial brasileira.

Jefferson diz que a tendência é a continuidade do peso econômico da indústria, puxado pela GM, porém São Caetano precisa intensificar ações como estas para se manter, como constituir um parque tecnológico vinculado com as instituições de ensino superior, que não faltam na região. “Há esforço para formular políticas em TI e tecnologia, mas falta intensificar e entrar em outras áreas e fazer atuação altíssima com as universidades em pesquisa & desenvolvimento. Temos todas condições para atrair serviços avançados na área de saúde, como laboratórios, startups, simuladores”, diz ao sugerir a criação de arranjos produtivos legais (APLs) automotivo, saúde e TI.

No empreendedorismo, São Caetano tem números positivos e segue tendência de crescimento. De acordo com o Portal do Empreendedor, a cidade ocupa a quinta posição no ranking local com 7.280 microempreendedores individuais (MEIs) em 2017 contra 56 em 2009, quando o regime tributário entrou em vigor. “Mesmo assim, falta uma política que promova mais crescimento”, comenta o pesquisador da USCS.

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