Pessoa de irrestrita confiança do prefeito afastado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), o ex-chefe de Gabinete e da Pasta de Comunicação Márcio de Souza (PSB) disse nesta quinta-feira (5) que a prefeita interina Alaíde Damo (MDB) agiu com fígado nas exonerações no Paço. Segundo o socialista, a prioridade de Atila diante do cenário de guerra entre os grupos é comprovar a inocência e retornar à chefia do Executivo.
Exonerado há sete dias no governo, Márcio atestou que Alaíde se beneficia de ações já programadas por Atila e descontinuou outras medidas na educação, saúde e infraestrutura urbana. Desde que assumiu o Paço, a prefeita interina realizou exonerações, inicialmente mirando nos aliados do ex-genro José Carlos Orosco Júnior (PDT) e, desde a semana passada, nos interlocutores do socialista no primeiro escalão.
“Não quero falar da briga deles como família, porque está fora do meu alcance, mas pode ser (que haja ligação na motivação ao exonerar os aliados de Atila). Governar uma cidade não é governar o quintal ou a cozinha. E aí agir com fígado nas demissões dos cargos do Orosco logo após assumir e agora essa sequência de exonerações, passa uma atitude nervosa, inclusive com a gente”, considerou.
Para o ex-chefe de Gabinete, Alaíde não mostrava interesse como vice-prefeita em participar das ações do governo, tanto que era raro vê-la nas dependências do Paço, até que em 15 de maio, tomou posse como prefeita em exercício. Seis dias antes, Atila foi preso por agentes da PF (Polícia Federal), na esteira da Operação Prato Feito, por suspeita de lavagem de dinheiro após apreensão de R$ 87 mil em espécie na sua casa.
Atila somente reconquistaria a liberdade em 15 de junho – passou 37 dias detido –, por meio de habeas corpus concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Entretanto, ao sair do presídio em Tremembé, interior paulista, passou a ficar impedido de reassumir o cargo de prefeito, devido à liminar imposta pelo TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).
“É triste ver o que ocorre na atual administração da Alaíde, porque vimos as inúmeras conquistas do Atila na cidade. Infelizmente, tivemos a prisão no dia 9 de maio, mas a gente fica se perguntando, que depois de 37 dias, ele não foi ouvido em nenhum momento pela delegada da PF (Melissa Maximino Pastor)”, disse o braço direito do prefeito afastado.
Márcio confirmou que a direção municipal do PSB se reunirá na quarta-feira (11) para discutir as estratégias perante a gestão Alaíde, agora que se figura no papel de oposição. O encontro também definirá se a esposa de Atila, Andreia Rolim Rios, seguirá no comando da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres.
Foco na defesa
Desde que deixou a penitenciária em Tremembé, Atila não fez aparições públicas por focar no momento na sua estratégia de defesa. O socialista costumeiramente deixa Mauá rumo a São Paulo, onde conversa com advogados, após o ingresso do recurso para derrubar a liminar imposta pelo TRF-3 e assim poder reassumir o cargo de prefeito. Por essa razão, não houve iniciativa em conversar com Alaíde, e vice-versa.
“O prefeito não recebeu ligação da Alaíde, do (marido e ex-prefeito) Leonel (Damo) e da (filha e ex-deputada estadual) Vanessa (Damo, MDB) em nenhum momento. E o Atila, até pelas limitações judiciais, não o fez por cautela e para se empenhar na sua defesa a fim de voltar à Prefeitura de Mauá. E ela toma atitudes que nenhuma fala do Atila mudaria”, constatou Márcio.