Sem condições de ocupar oficialmente um cargo no secretariado em Mauá, a ex-deputada estadual Vanessa Damo (MDB) mantém a rotina de frequentar os corredores do Paço, na gestão da mãe e prefeita em exercício Alaíde Damo (MDB). A emedebista chefiou as secretarias de Relações Institucionais e Governo (interinamente), porém, teve de deixá-las por determinação judicial, visto que está inelegível até 2020.
Principal conselheira de Alaíde no governo, Vanessa está impedida judicialmente de ocupar função comissionada, como no primeiro escalão, por decisão do juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública de Mauá, Thiago Elias Massad, devido à condenação por crime eleitoral em 2012. Mesmo assim, a ex-parlamentar segue ativa nos rumos da gestão e decisões tomadas pela mãe no Paço.
A ex-deputada estadual esteve presente na primeira reunião de Alaíde com 21 dos 23 vereadores – apenas se ausentaram Admir Jacomussi e Bodinho (ambos do PRP) – na sexta-feira (8), em um auditório ao lado do gabinete da prefeita, para discutir a nova forma de cobrança da taxa do lixo. Outra rodada de negociações com os parlamentares sobre o tema ocorre na manhã desta terça-feira (12), no mesmo local.
Antes de deixar as funções no primeiro escalão, Vanessa puxou as rédeas ao lado da mãe para exonerar os aliados do ex-marido José Carlos Orosco Júnior (PDT) no governo. A prefeita interina desligou os ex-secretários Fernando Coppola, o Xuxa (Educação), Gilberto João de Oliveira (Obras), e Anderson Alves Simões (MDB), vulgo Sargento Simões, na chefia da Hurbam (Habitação Popular e Urbanização de Mauá).
Vanessa foi oficializada secretária de Relações Institucionais em abril, pelo prefeito Atila Jacomussi (PSB), hoje afastado em decorrência da prisão, deflagrada em dia 9 de maio, pela Operação Prato Feito, da PF (Polícia Federal). Desde que Alaíde assumiu como prefeita interina, seis dias depois da detenção do socialista, a emedebista passou a ter maior força no Paço, inclusive ao ocupar por menos de 24 horas a Pasta de Governo.
A ascensão meteórica de Vanessa no governo Alaíde, porém, começou a ruir por meio da ação popular junto à 3º Vara da Fazenda Pública de Mauá, impetrada pelo advogado Ricardo Amin Abrahão Nacle. O jurista foi o mesmo autor do pedido de afastamento da ex-deputada estadual no Ibama, acatado pela 1ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo, três meses após ser cassada no mandato na Assembleia Legislativa.
Entre os argumentos usados por Nacle na ação popular, está o artigo 65 da Lei Orgânica do Município, no qual estabelece que “os secretários municipais serão escolhidos dentre os brasileiros maiores de 21 anos no exercício dos direitos políticos”, e que Vanessa não contaria com a última prerrogativa por estar inelegível. Tal afirmação do advogado foi acatada por Massad no despacho da decisão judicial.
Por outro, Massad não cita na sua decisão a proibição de Vanessa frequentar os corredores da Prefeitura de Mauá, embora essa restrição fosse solicitada por Nacle na ação popular. O juiz proibiu a ex-deputada estadual de ocupar função no governo, por não ter direito político e a suspensão de todas as suas decisões no período no qual esteve no comando da Secretaria de Relações Institucionais.
Vanessa teve o mandato no Parlamento paulista cassado por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação durante eleição à Prefeitura de Mauá em 2012. No segundo turno daquele pleito, a emedebista foi acusada de ser a autora de materiais ligando ex-prefeito e na ocasião concorrente Donisete Braga (ex-PT e hoje no Pros) ao assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002.
Procurada pelo RD, Vanessa não retornou às chamadas.