Servidora denuncia caso de abuso sexual em Diadema

Vereadores pressionam por exoneração de Cícero Cavalcante, que nega as acusações

A servidora pública de Diadema, Jéssica Gonçalves Amaral, utilizou da tribuna da Câmara, nesta quinta-feira (17), para denunciar que foi vítima de assédio sexual enquanto trabalhava na Secretaria de Segurança Alimentar, no ano passado. O suspeito do ato é o também funcionário Cícero Monteiro Cavalcante. Os vereadores querem o afastamento de Cícero que nega as acusações. Seu futuro no poder público será decidido nesta sexta-feira (18).

Jéssica relatou que Cícero a abordou e passou a mão em suas nádegas durante uma conversa no ambiente de trabalho. Segundo a denunciante, dias depois, o mesmo funcionário iniciou uma conversa pelo WhatsApp. O RD teve acesso ao conteúdo. Em dado momento, Cavalcante relata que a servidora estava com “uma calça apertada” e perguntou que número ela vestia. Após obter a resposta, o suspeito escreveu. “Então eu acho que era a sua bunda que me chamou atenção (sic)”.

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O fato foi levado ao conhecimento do secretário Atevaldo Leitão (PSDB), que pediu para ver os prints da conversa, porém Jéssica não conseguiu mostrar, pois “acabou a bateria do celular”. “Quando ouviu a história, o secretário deu risada e pediu para que eu fizesse um B.O. (Boletim de Ocorrência), mas eu não fiz, pois eu tinha medo que meu marido fizesse alguma coisa. Ele tinha acabado de sair da cadeia. Mas tempos depois eu falei e ele me deu todo o apoio”, explicou a vítima.

Jéssica foi à Câmara nesta quinta-feira para denunciar

Leitão foi convidado a explicar a situação em reunião extraordinária da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara de Diadema. O chefe da Pasta negou que tenha rido de Jéssica, mas confirmou que não investigou o caso, pois a servidora não tinha feito a denúncia na Delegacia da Mulher. “A orientação jurídica que eu tive foi de não abrir qualquer sindicância sem que houvesse uma denúncia formal”, explicou.

Também não houve abertura de qualquer investigação administrativa após a divulgação das imagens da conversa no WhatsApp, neste ano. Os vereadores cobraram o secretário para que algo fosse feito, principalmente por ter dois boletins de ocorrência sobre o caso, o primeiro sobre o assédio e o segundo por ameaça. Entre as opções colocadas pelos legisladores está o afastamento de Cícero para que o caso seja apurado ou a sua exoneração. A situação será decidida em reunião nesta sexta-feira.

Outro lado

Procurado pelo RD, Cícero Monteiro Cavalcante negou todas as acusações e afirmou que as denúncias foram realizadas por um embate político que tem com o vereador Companheiro Sérgio (PPS). “Essa situação é uma mentira. Isso acontece por causa da derrota que o Companheiro Sérgio teve para mim na eleição da Associação da Vila Nova Conquista. Desde então ele vem me ameaçando, inclusive me ameaçou de morte”, afirmou.

Cícero relatou que chegou a ganhar uma ação contra o vereador com um valor de R$ 24,4 mil pelo popular-socialista não ter entregado a chave da Associação e afirma que tal fato foi o motivo das ameaças de morte recebidas. O legislador nega. “Nunca ameacei ninguém, apenas fui procurado por uma pessoa que foi vítima de assédio e ajudei. Apenas isso. Toda essa situação que ele relatou é mentira”, explicou.

O servidor afirmou que vai processar Jéssica pela divulgação dos prints (nos quais afirma que são frutos de montagem) e que vai provar que a situação aconteceu por “vingança política”. “O Companheiro Sérgio apenas quer me destruir politicamente”, completou.

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