Novamente de forma indireta, Mauá pode ser administrada por um Damo via decisão que transcende os votos. Com a prisão preventiva do prefeito Atila Jacomussi (PSB) pela PF (Polícia Federal) por meio da Operação Prato Feito, crescem as chances da vice-prefeita Alaide Damo (MDB) assumir o comando do Paço. Em 2005, o marido Leonel Damo (sem partido) foi empossado via determinação judicial.
Atrás das grades desde quarta-feira (9) na superintendência regional da PF, na Lapa, zona oeste de São Paulo, Atila sofreu uma grande derrota na sexta-feira, visto que o desembargador do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) Maurício Kato determinou a detenção de prisão temporária para preventiva (leia mais). A defesa do prefeito recorre neste domingo com habeas corpus no STJ (Superior Tribunal Justiça).
Caso Atila não consiga o alvará de soltura em Brasília no início desta semana, Alaide cresce para assumir o comando da Prefeitura de Mauá. Uma hipótese para isso é a Justiça notificar a Câmara dos Vereadores, determinando a posse da vice-prefeita, visto que o município não pode permanecer sem a ocupação do cargo de prefeito. Outro horizonte futuro seria a consolidação de um cenário pelo impeachment do socialista.
De acordo com o artigo 56 da Lei Orgânica do Município, o prefeito e o vice-prefeito não podem se ausentar do município ou se afastar do cargo sem licença do Parlamento por um período superior a 15 dias, sob pena de perda do cargo. Na sede da PF, Atila completará pelo menos cinco dias encarcerado nesta segunda-feira (14).
A posse de Alaide representaria uma terceira vez Mauá sob comando da família Damo. Em 2004, Leonel disputou pelo segundo mandato de prefeito pelo PV, tendo como principal rival o então vice-prefeito Márcio Chaves (à época no PT e hoje no PSD). O ex-petista foi o mais votado no primeiro turno, com 91.910 sufrágios (45,77%), enquanto o ex-verde 79.584 votos (39,63%).
No entanto, não houve o segundo turno em Mauá, visto que Chaves teve a candidatura cassada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em decorrência da exposição Túnel do Tempo, criada para comemorar os 50 anos de emancipação do município. A peça, realizada no governo do então prefeito Oswaldo Dias (PT), foi considerada pela corte como uma campanha eleitoral disfarçada.
Com a cassação de Chaves, a então juíza eleitoral Ida Inês Del Cid proclamou Leonel como prefeito eleito. A lógica da magistrada foi que um candidato ao Executivo é eleito com o número de votos superior à soma dos demais postulantes (metade mais um). Como os sufrágios ao ex-petista foram invalidados, Leonel passou a ter maior adesão aos demais concorrentes, que juntos chegaram a 29.316 votos.
A defesa de Chaves, porém, conseguiu liminar junto ao TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) impedindo a diplomação de Leonel em dezembro de 2004. Com o imbróglio jurídico, Mauá seria administrada no ano seguinte pelo presidente do Legislativo, Diniz Lopes (na ocasião no PR e hoje no PSB). Somente em dezembro de 2005, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram por cinco votos a quatro, manter a cassação do ex-petista.
Dessa forma, Leonel foi empossado por meio de determinação judicial pelo segundo mandato como prefeito de Mauá, uma vez que ocupou tal cargo entre 1983 e 1988. Em 2012, a filha do casal, na ocasião deputada estadual – e hoje secretária de Relações Institucionais – Vanessa Damo (MDB) chegou a disputar o segundo turno da eleição municipal, porém, derrotada por Donisete Braga (ex-PT e hoje no Pros).