Em reunião extraordinária do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Santo André, nesta quarta-feira (28), foram lidos oito documentos, sete deles com denúncias contra o Instituto Jeda (Juventude Esperança do Amanhã) que relatam os problemas estruturais e de cuidado com os atendidos. Relatórios serão protocolados ao processo e o instituto tem 30 dias para se defender.
Chamaram atenção os relatos em torno das crianças e adolescentes atendidos pelo Jeda, realizados por ex-funcionárias. Segundo a psicóloga Denise Gomes de Oliveira, a coordenadora da instituição, Maria Keiko Sakaragui, “obrigava” os atendidos a frequentarem missas, mesmo de outras religiões.
Além disso, relatou problemas com alimentos vencidos “que tinham de ser separados” daqueles que estavam no prazo de validade, durante os três meses em que trabalhou no local. Segundo Patrícia Marchini, outra ex-funcionária, a senhora Keiko (como é chamada) apresentava “descaso” com alguns problemas relatados, como na parte estrutural, móveis e as atividades dos acolhidos.
O relatório da assistente social do Instituto de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC, Janete Regina Gomes, indica que os jovens acolhidos pelo Jeda foram atendidos por serem “vítimas de maus tratos e negligência” e que os principais motivos para o encaminhamento médico foram “problemas nos desenvolvimentos nutricionais, depressão, ideação suicida e dificuldade de aprendizagem”.
Nenhum dos conselheiros do CMDCA optou por comentar o conteúdo apresentado no encontro. Assim houve apenas a votação que deu autorização para que os documentos fossem anexados ao processo e que assim que for oficializado, o Jeda terá 30 dias para apresentar defesa – o que foi aprovado. Uma nova reunião será marcada assim que a entidade se defender das denúncias. Não foi divulgado o conteúdo das acusações que resultaram em processos que estão em segredo de Justiça.