O mercado de trabalho na construção civil da região voltou apresentar queda no número de contratações. Dados de agosto divulgados em pesquisa do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) revelam que os canteiros de obras do ABC acumulam perda de 2.517 funcionários, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Em agosto de 2016 eram 43.253 trabalhadores com carteira assinada contra 40.736 este ano. Em relação ao mês de julho as sete cidades registraram perda de 76 vagas.
“Depois de 33 meses de queda, com uma recessão grave, desde 2013, tivemos uma ligeira melhora em julho, mas não o suficiente para recuperar as perdas acumuladas nesse período”, afirma a diretora da Regional do SindusCon-SP, em Santo André, Rosana Carnevalli, em entrevista ao RDtv, nesta terça-feira (17). Na pesquisa anterior, de julho, o saldo foi positivo com registro de 567 trabalhadores a mais que o mês anterior.
A dirigente explica que o problema no setor se agravou principalmente a partir de 2014, onde a perda anual chegou na casa dos 11%, e que por conta do momento atual da economia ainda não foi possível recuperar o saldo negativo.
Dentro dos indicadores de emprego na construção civil na região, na comparação entre julho e agosto, São Caetano aparece com índice negativo de 117 postos, seguida por Diadema (-29), Ribeirão Pires (-7), São Bernardo (-5) e Rio Grande da Serra (-4).
“Mauá teve saldo positivo (25) porque lá tem bastante lançamentos, inclusive para a classe C (Minha Casa, Minha Vida), tem muita demanda por moradia”, comenta. Na mesma lista Santo André aparece com índice positivo de 61 trabalhadores.
O cenário desfavorável, no entanto, não é uma exclusividade da região e segue a tendência do comportamento que ocorre no Estado e no País. A instabilidade econômica aliada aos problemas políticos acabam atingindo em cheio o setor, já que a compra de um imóvel, que em sua grande maioria é feita com financiamento a longo prazo, requer muita cautela e situação econômica favorável.
“O setor imobiliário é um dos primeiros a entrar na recessão e um dos últimos a sair. Envolve uma gama que compõe a construção e gera muitos empregos diretor e indiretos. Então toda a cadeia produtiva passa a ser prejudicada”, pondera Carnevalli.
Para reverter o quadro a diretora acredita que é fundamental a retomada econômica, especialmente da indústria automobilística e serviços, bem como a consolidação das reformas, para que o setor imobiliário também volte a crescer.
Os números apresentados pelo SindusCon-SP confirmam o momento desfavorável vivido no setor. A última pesquisa apresentada pela Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), por exemplo, apontou queda de 44% nas vendas de imóveis e 71% nos lançamentos este ano em relação a 2016.
Construindo o Grande ABC
A discussão sobre os rumos e desafios do mercado imobiliário na região será foco de congresso promovido pela Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC). O evento Construindo o Grande ABC, em sua 5ª edição, com apoio do Repórter Diário, será realizado no dia 25 de outubro, das 8h às 17h, no auditório do Camp São Bernardo (Centro de Formação e Integração Social), rua Suécia, 500, Jardim das Palmeiras.