A data 12 de outubro é o Dia Nacional da Leitura e foi concebido com o objetivo de relembrar a importância do hábito fundamental no desenvolvimento do ser humano. Apesar de importante e necessário, pelo menos no Brasil, não há muito que se comemorar. Isto porque de acordo com a quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao Ibope Inteligência, apenas 56% dos brasileiros tem o hábito da leitura. A análise leva em conta período entre 2011 e 2015.
Considerada o maior e mais completo estudo sobre o comportamento do leitor brasileiro, a apuração revela ainda que 33% dos leitores entrevistados sofreram a influência de alguém para começar a gostar de ler. Na visão de Ana Silvia Aparicio, professora e gestora do mestrado em Educação na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), este procedimento é o que deve acontecer naturalmente com as crianças.
Para a especialista, o normal é que as crianças comecem a ler por volta dos cinco anos, porém incentivá-las antes dessa idade pode ajudar a ampliar o vocabulário, melhorar o desempenho escolar, desenvolver a imaginação, enriquecer linguagens diferenciadas e criar um comportamento de leitor. “Acompanhar livros ilustrativos, ler para a criança livros infantis e aos poucos, junto com ela, acompanhar as palavras, virar as páginas, desperta singelamente o gosto pela leitura”, explica.
Mesmo com a ligeira melhora em relação a 2011, quando quatro livros eram lidos por ano, a pesquisa indica que o brasileiro lê, em média, somente 4,96% livros por ano. Destes, 0,9% indicados pela escola e 2,8% lidos por vontade própria. Do total, apenas 2,4% foram concluídos, 2,5% inacabados e 30% dos entrevistados nunca comprou um livro.
O estudo também aponta que 67% da população brasileira relata que não houve alguém que os incentivasse à leitura desde a infância, e dos que tiveram algum tipo de influência, em 11% dos casos os pais foram responsáveis, em seguida dos professores, 7%. “É importante que permitam o primeiro contato com livros ilustrativos, deixem os pequenos tocar e analisar a novidade”, sugere a professora.
Participar da leitura com as crianças e fazer com que elas saiam por um momento da tecnologia e sejam inseridas no universo da leitura também é uma opção. “É importante que os pais leiam e participem dessa imaginação, isso incentiva as crianças e faz com que elas entrem no universo dos livros”, afirma a educadora.
A leitura está elencada em 10º lugar quando o assunto é o que os cerca de cinco mil entrevistados gostam de fazer no tempo livre. Perde, na escala, para televisão, ouvir música, usar a internet, sair com família ou amigos, assistir filmes ou vídeos, usar Whatsapp, escrever, usar outras redes sociais e ler jornais, revistas ou notícias.
Bibliotecas
Mesmo com 13 opções de local em Santo André e acervo composto por mais de 194 mil livros impressos, material multimídia e artigos eletrônicos para download na biblioteca digital, a frequência nas bibliotecas públicas tem diminuído nos últimos 30 anos por conta da evolução digital. “As atividades realizadas nas escolas e o impulso dos pais têm incentivado as crianças a virem à biblioteca e aos poucos as visitas estão sendo sensivelmente aumentadas”, conta o gerente da rede de bibliotecas de Santo André, Vitor Hugo Moraes.
Com frequência de 33 visitantes/dia em cada instalação, as bibliotecas propõem atividades gratuitas para incentivar a visitação de pais e crianças nas instalações, entre elas contações de história, troca de livro e ações lúdicas. “Nas ações as crianças tem a possibilidade de receber cultura sem tecnologia, provar de sensações diferentes e tomar gosto da leitura”, explica.
Família
Na mesma linha, a livraria Affonso Castellano, localizada há quase 20 anos no bairro Jardim, em Santo André, com área recentemente inaugurada para crianças, oferece agora espaço para pais e filhos e também propõe atividades de contação de histórias. “Criamos este espaço justamente para juntar a família. Tirar a criança do celular e trazê-la para um momento de imaginação, dos livros, para que ela se entusiasme e se adapte ao hábito da leitura”, explica a proprietária Thais Castellano.