
O governo do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), deve adotar um novo layout para parte dos ônibus do Consórcio SBCTrans (São Bernardo Transportes), antes da licitação pela concessão das 65 linhas municipais, prevista para 2018. A pintura remete à identidade publicitária adotada pela gestão tucana em propagandas institucionais e nas redes sociais. Esse pode ser o quinto padrão visual simultâneo da empresa.
O novo layout ainda não estreou nas ruas de São Bernardo, no entanto fotos dos coletivos já circulam nas redes sociais. A coloração é predominantemente azul escuro, com espaços na cor branca, semelhante à padronização usada nos ônibus de linhas intermunicipais operadas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo).
O formato também remete à identidade publicitária do governo de Morando, com detalhes laterais do veículo em cinza, azul celeste, verde e laranja e com a mesma tipografia na escrita referente à “Prefeitura de São Bernardo”. O Paço também está em fase de substituição dos 1.164 pontos de ônibus, com o mesmo padrão visual. Os custos, encabeçados pela SBCTrans, são de, em média, R$ 2,7 mil por abrigo.
Usuária de linhas municipais e intermunicipais, a aprendiz de auxiliar administrativo e moradora do Jardim Thelma, Denise Castro Primavera, 19 anos, viu o novo padrão da SBCTrans e avalia que provocará confusão aos usuários dos coletivos da EMTU. “Mesmo com a faixa branca em baixo, quem está no ponto não vê direito quando há muitos carros. E há gente de idade que pode levar muito tempo para reconhecer”, diz.

Professor de Engenharia Civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e mestre em Transportes, Creso Peixoto destaca que em um ponto de ônibus, a parte frontal do veículo é fundamental ao usuário identificar a linha a qual usará. “O tempo que o ser humano leva para observar uma imagem e reconhecer padrões fica na ordem de um a dois segundos e reconhece se é o veículo que deseja (embarcar)”, pontua.
O docente avalia que o visual dos ônibus municipais pode ter, de preferência, uma logomarca ou símbolo relacionado à história e cultura da cidade na dianteira do veículo, além de distinção do tipo de letra. “Para facilitar a distinção, até entendo que podem usar as mesmas cores, mas é preciso usar design e tom de cores diferentes. Isso considero fundamental para se observar a identidade à distância”, completa.
Com a nova pintura, os usuários do sistema municipal de transporte coletivo podem ter até cinco padrões visuais distintos nos coletivos operados pela SBCTrans pelas ruas de São Bernardo. As pinturas mais recentes são dos modelos articulados adquiridos em 2014 – coloração prata, rosa e laranja – e de 2011 – branca, azul e laranja usados em coletivos convencionais e micro-ônibus.
O município ainda conta com dois tipos de pinturas de coletivos que vêm desde o governo do ex-prefeito e atual secretário municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania, Maurício Soares (PHS), entre 1997 e 2001: os convencionais e articulados mais antigos são de coloração branca, amarela e azul; enquanto os micro-ônibus são branco, amarelo e vermelho.

Moradora do bairro Assunção e representante comercial, Solange Antequera, 48 anos, também reclama da falta de padronização dos coletivos da SBCTrans. “Atrapalha mesmo. Quando estou no ponto, esperando um intermunicipal, eu procuro o ônibus azul. Se vier outro azul, eu vou confundir. E acho que deveriam ser todos iguais, pelo menos os municipais. Porque muitas pessoas não vão pelo nome, vão pela cor”, cita.
Prefeitura transfere responsabilidade
O RD procurou esclarecimentos junto à Prefeitura de São Bernardo, que é o poder concedente e por ter o seu padrão visual implantado nos coletivos, mas a gestão sugeriu à reportagem procurar a SBCTrans, isentando-se de responsabilidade. Em seguida, o governo foi questionado pela reportagem se a empresa teria o poder de mudar visualmente os veículos, sem o aval do Paço, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.
A reportagem ainda ligou para a garagem da SBCTrans, onde conversou com um dos funcionários da empresa, que afirmou ser de responsabilidade da Prefeitura de São Bernardo a mudança dos layouts. Também reforçou que o novo padrão visual foi solicitado pelo Executivo e teria de passar pelo aval Paço antes de circular pelas ruas.