
Se existe um setor que carece do olhar do poder público é o de teatros. Espaços que deveriam estar sempre em excelentes condições para abrigar boas produções e contribuir para a cultura e lazer da população, os equipamentos, que não poucos no ABC, agonizam por absoluta falta de manutenção e até segurança. Inconformados, os munícipes reclamam do descaso, como Teatro Euclides Menato, em Ribeirão Pires e o Municipal de Mauá, sem programação e com as portas fechadas.
Tombado pelo Condephaat-Ma (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico de Mauá), o teatro inaugurado em 2001 e fechado há quase três anos para reforma devia ter sido entregue em maio de 2016. Entre as ações estavam troca de piso, poltronas, pintura de paredes e manutenção de equipamentos. “Era a única opção de cultura na cidade, agora está às moscas”, reclama a estudante Natalia Sanchez. Em nota, a Prefeitura informa que o equipamento é prioridade para a Administração e as obras foram retomadas com investimento de R$ 1 milhão do governo federal para recuperação do telhado, piso, poltronas e pintura.
O mesmo acontece com o Teatro Euclides Menato, em Ribeirão Pires, que há anos não recebe qualquer investimento. Tomado pelo abandono, o espaço com 200 lugares, com paredes sem pintura e camarins e instalações sem reparos, recebe apenas eventos escolares, oficinas de teatro e dança, além de escola de música, que utiliza o espaço para ensaios. “Lembro de ir assistir a bons espetáculos, todos lotados. Hoje, é mais um dos vários elefantes brancos da cidade. Ribeirão é Estância Turística, e precisa de investimento cultural”, reclama a comerciante Júlia Sampaio.
No Teatro Municipal de Santo André a principal reclamação, além da má conservação, é a segurança. Joseane dos Reis Santos e o marido foram há pouco tempo no teatro e na saída não acharam o carro no estacionamento. Mesmo com quatro seguranças no período noturno, reclamam que não conseguiram qualquer auxílio para encontrar o veículo e ainda tiveram de pagar o estacionamento. “Não entendi o motivo de ter tantos guardas se sequer nos ajudam. A sorte é que depois encontramos o carro. O ingresso foi caro, a peça foi boa, mas infelizmente o teatro não tem segurança alguma”, lamenta.
Nancy Brindo Carreira reclama da falta de manutenção e limpeza. A moradora diz que o hall de entrada está com o piso tátil para portadores de deficiência visual totalmente deteriorado, teto com algumas partes penduradas e fios amarrados na porta de entrada. “É muita sujeira e falta de conservação que podem ser percebidos logo na entrada do teatro, uma vergonha”, comenta.
Goteiras
O Elis Regina, em São Bernardo, lacrado desde 18 de janeiro, também sofre com problemas estruturais. Projetado nos anos 1980, o teatro ficou abandonado por anos e passou a apresentar falhas graves nos planos básicos de segurança, deterioração da saída de emergência, goteiras, descolamento do forro do teto e má conservação de camarins e banheiros, além de não possuir o certificado de condições de segurança contra incêndio.
Francisco Santos de Farias, morador da cidade reclama dos assentos mal cuidados, rasgados e quebrados. “Alguns foram substituídos por cadeiras, mas tão baixas que prejudicam a visão”, diz. Farias cita, ainda, a falta de guarnições e da estrutura empoeirada. “A primeira vez que fui ao teatro minha impressão foi das piores. Um espaço bem localizado, sem conservação, sujo, com bilheteiro mal-humorado, pintura antiga e cheio de pó. Meu amigo Guilherme, também ficou admirado com a manutenção, ele diz que quando era criança o espaço era rico em atividades culturais, e hoje, esse descaso”, afirma.
Em audiência em Brasília nesta quarta-feira (22), a Prefeitura firmou repasse de R$ 2 milhões por parte da União para intervenções. O prazo para o início da obra, porém, ainda não foi definido.
No Teatro Clara Nunes, em Diadema, os problemas não diferem. Falta ar condicionado no interior das instalações e a parte elétrica é antiga. O prefeito Lauro Michels esteve no final de janeiro em Brasília para tratar de recursos por meio da iniciativa privada pela Lei Rouanet, mas até o momento não informou se teve êxito.
A Prefeitura de Santo André esclarece que o piso tátil será restaurado nos próximos 30 dias. A pasta informa que não existem fios amarrando a porta de vidro da entrada e atualmente está sendo realizada a instalação de iluminação do tríptico de concreto armado, com fiação aparente, mas não energizada. A conclusão da obra está prevista para os próximos 30 dias. Referente à moradora que teve o seu carro roubado, a Pasta não foi informada. O estacionamento possui seguro contra roubos e a recomendação é que a moradora comunique à Guarda Civil Municipal, assim como fazer um boletim de ocorrência na delegacia em frente ao Paço, para solicitar o ressarcimento do seguro. (Colaborou Amanda Lemos)
(Com informações de Tamara Polastre)