A população do ABC voltará a ser atendida nas agências bancárias a partir desta sexta-feira (7), após 31 dias de greve dos trabalhadores do setor. A decisão foi tomada em assembleia, que reuniu cerca de 200 pessoas, realizada na sede do Sindicato dos Bancários do ABC, no final da tarde desta quinta-feira (6).
O reajuste proposto pela Fenaban (Federação Nacional dos Bacos) foi de 8% e não chegou a repor a inflação (9,62%). Por sua vez, o abono oferecido é de R$ 3.500, valor a ser pago ainda este ano. O acordo, válido por dois anos, implica reposição integral da inflação (INPC/IBGE), mais 1% de aumento real em 2017, para o salário e todas as verbas.
Outras conquistas dos bancários foram reajuste de 15% no vale-alimentação e de 10% no vale-refeição, já o auxílio creche/babá aumentará 10%. “Não dava para fechar campanha se os bancários não tinham ganhos. Nos anos 90 havia abonos generosos, mas não reajuste real, ao menos teremos aumento de 1%. A greve foi dura, mas necessária”, avaliou o presidente do sindicato na região, Belmiro Moreira.
Segundo Moreira, a Fenaban insistia na compensação dos dias parados. Porém, após conversas que terminaram apenas às 4 horas da manhã da quinta-feira, os bancários conseguiram incluir na proposta abono total dos dias de greve.
“Muitos estavam com medo de terem que repor os dias da paralisação, mas isso não vai mais acontecer. Resultado das negociações”, disse o presidente. Para incentivar o término da greve, a Fenaban associou o pagamento dos dias somente para os sindicatos que aprovassem a proposta na quinta-feira.
Para Moreira, o momento atípico vivido pelo Brasil nas esferas política e econômica influenciou o resultado da greve. “A conjectura política afetou a nossa campanha. E temos algumas questões no Congresso Nacional como projetos de retirada de direitos e precarização do trabalho”, afirma.
Paralisação durou 31 dias
Jorge Luiz Furlan, diretor do sindicato, acredita que os bancários suportaram bem a paralisação, o que ajudou nas negociações. “Foi uma baita de uma greve. Mas toda greve tem começo, meio e fim”, diz. De acordo com a Cintraf-CUT, a paralisação foi a mais longa dos funcionários de bancos desde 2004, quando a greve teve duração de 30 dias.
A paralisação teve início no dia 6 de setembro. Os bancários reivindicavam reajuste salarial de 14,78%, que corresponde ao aumento real de 5% e reposição da inflação acumulada, entre setembro de 2015 e agosto de 2016.
A proposta acatada por parte dos bancários também garante para 2017 a manutenção das mesas temáticas entre os sindicatos e os bancos. Um dos pontos preocupantes para a categoria, que pode virar tema de debate nas mesas, é a requalificação e realocação dos funcionários.
A região possui cerca de 400 agências, que empregam mais de sete mil trabalhadores. Segundo o sindicato, mais de 200 bancários perderam o emprego em 2016. O número chega a 9 mil em todo o País.