A nadadora Joanna Maranhão é o mais novo alvo de ataques racistas e machistas nas redes sociais. Nesta terça-feira (9), a atleta decidiu desabafar sobre o assunto após ter sido eliminada na fase classificatória dos 200 metros borboletas das Olímpiadas do Rio.
Em entrevista ao canal “ESPN Brasil”, a nadadora pernambucana revelou que foi vítima de inúmeros ataques em seu perfil do Facebook. Dentre as ofensas, chegaram a relembrar o estupro que sofreu quando criança.
“Ontem à noite foi o dia mais difícil para mim. Tentei ficar fora de rede social, mas fui no Facebook e vi uma enxurrada de agressões. Alguns dizendo que eu merecia ser estuprada, que minha história é uma grande mentira. Eu tentei segurar a onda, mas agora eu desabafei. É muito duro receber esse tipo de tratamento”, começou a atleta e continuou, “o Brasil é um país muito racista, muito machista, muito homofóbico, vem de uma cultura futebolística que as pessoas acham que quando chega em um esporte olímpico elas têm o direito de nos tratar como tratam um jogador de futebol quando não ganham. Acho que nem os jogadores de futebol merecem esse tratamento que a gente tem. Eles têm, nós muito menos”.
Joanna disse, ainda, que sempre se posicionou politicamente e que quer “um país para todo mundo”, citando casos recentes de Tais Araújo e da medalhista de ouro no judô, Rafaela Silva, que foi ofendida ao ser eliminada nas Olimpíadas de 2012 no judô – e calou a todos ao ganhar o primeiro ouro brasileiro nesta.
“Não quero que a Tais Araújo seja chamada de ‘macaca’, que a Rafaela Silva seja chamada de ‘decepção’, amarelona'”, continuou à ESPN Brasil. “Pare de chamar uma atleta de ‘macaca’ para quatro anos depois estarem batendo nela. Rafaela é uma menina de origem pobre, que teve assistência de programas sociais, e muitas pessoas querem que isso acabe. É paradoxal”, disse.
“Combater pedofilia é uma missão na minha vida. Nunca toquei nesse assunto para ter mídia. Nunca fiz sensacionalismo para estar na mídia. É muito injusto. Foi uma experiência que eu não escolhi viver e lutei contra as dores que ela me causou. Não desejem que uma mulher seja estuprada, nem a morte da minha mãe”, disse a jovem como recado a quem relembrou o caso de seu abuso sexual na infância.
Em seu Facebook, a atleta afirmou que irá processar quem a ofendeu.