ABC - segunda-feira , 27 de maio de 2024

Parte do compulsório bancário poderia ser usado em programas de crédito, diz CSN

O diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e conselheiro do Instituto Aço Brasil (IABr), Benjamin Steinbruch, defendeu nesta quinta-feira, 9, a criação do que batizou de “programa nacional de desalavancagem”, ou seja, a liberação de crédito, via compulsório bancário, por exemplo, para aliviar dívidas e financiar tanto pessoas, quanto empresas e órgãos do governo.

“Teríamos que ter um plano geral de desalavancagem que permitisse produção, consumo e emprego. O Brasil é grande o suficiente para obter uma solução para isso”, declarou, durante palestra com outros líderes empresariais no Congresso do Aço, realizado nesta semana na capital paulista.

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Steinbruch sugeriu a liberação de parte dos depósitos bancários compulsórios dentro desse programa, incluindo incentivos para as exportações de toda a indústria brasileira. “O bancos estão fechados, sem dar crédito novo a ninguém. Mas se forem estimulados, dariam esse crédito. Os bancos poderiam ajudar”, avaliou, acrescentando a possibilidade de desenvolver produtos financeiros atrelados às exportações, como a securitização dos recebíveis.

Assim como outros líderes empresariais, Steinbruch também apontou a exportação como a principal alternativa para recuperar a indústria siderúrgica nacional no curto prazo. Ele ponderou, entretanto, que o foco deve ser o mercado interno no longo prazo. “Exportação é solução de curto prazo, não a solução definitiva. Tem que se privilegiar o mercado interno, que é a nossa joia”, frisou.

“Discordo de que o modelo de consumo (adotado no Brasil na última década) foi um erro. Esse modelo foi, na verdade, uma solução para criar mais empregos, pagar mais impostos. Os incentivos para consumo podem ter sofrido algum exagero aqui e ali, mas foi isso que trouxe 40 milhões de pessoas para o emprego”, disse o executivo.

Investimentos durante a crise

Steinbruch afirmou que, em função do momento de crise, o setor do aço brasileiro tem deixado de realizar investimentos, tanto em aumento de produção quanto no aumento de tecnologia e em manutenção, entre outros aspectos.

“Hoje, a palavra é sobrevivência”, disse Steinbruch, durante participação no 27º Congresso do Aço, em São Paulo. “Mas essa sobrevivência vai causar um prejuízo muito grande.”

O executivo da CSN afirmou que uma das responsabilidades do setor neste momento é a manutenção dos empregos. “Seria fácil demitir, diminuir o capital de giro, reduzir o endividamento e esperar o momento passar, mas, se todos fizerem isso, o País acaba.”

O diretor-Presidente da Usiminas, Sergio Leite, mostrou uma opinião semelhante à de Steinbruch. “Falar em investimentos novos na indústria do aço, hoje, não faz sentido. A estratégia é de foco na sobrevivência nos próximos anos.”

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