A aprovação, pela Câmara dos Deputados, da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, não chega a empolgar líderes empresariais do ABC, que se mostram cautelosos quando questionados sobre o momento político. O lado positivo, na visão deles, é que a decisão da Câmara aumenta as esperanças dos brasileiros de que, em breve, a situação vai melhorar. Na prática, porém, a economia deve demorar para voltar a crescer e ainda há desconfiança da real capacidade de o susbstituto ter um projeto político e econômico que se sustente.
Leonel Tinoco Netto, delegado do Corecon ABC (Conselho Regional de Economia) aprova a Decisão da Câmara, mas afirma que o efeito é mais psicológico do que prático, pelo menos nesse momento. “É bom porque mudou para melhor as expectativas das pessoas. Mas a situação econômica difícil não se resolve com a decisão da Câmara. O processo é longo e, mesmo que a presidente seja afastada, o governo provisório não resolverá nada da noite para o dia”, afirma o economista.
O presidente da Acigabc (Associação das Construtoras e Imobiliárias do Grande ABC), Marcus Santaguita, avalia que a abertura do processo contra Dilma por si só já aumenta o nível de confiança dos investidores, mas pondera que a melhora da economia depende muito das decisões tomadas pelos sucessores. “O afastamento da presidente agrada ao mercado que logo deve voltar a investir no País. Dilma só teve 137 votos. Como governar assim? Mas a melhora dos índices econômicos depende do que fizer quem assumir a presidência”, diz.
Mauro Miagutti, diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo também avalia que a decisão tem efeito apenas no humor das pessoas, mas não na economia, pelo menos nesse primeiro momento. “Isso gerou uma onda de esperança, o que é positivo nesse momento. Mas os investimentos vão demorar um pouco mais para voltar. O importante é que todo esse processo tenha como foco a melhoria da economia brasileira e não na luta política”, comenta.
O diretor titular do Ciesp Diadema, Donizete Duarte da Silva, diz que os investidores ainda estão com receio de voltar a investir. Existe a necessidade de mais certeza, pois o processo é longo e há desconfianças sobre as intenções dos agentes políticos. “Vemos as autoridades políticas em busca de cargos e não de caminhos. Na minha visão, ninguém tem um plano para resgatar o Brasil. Pelo menos esse processo todo ajuda a resgatar valores que se perderam ao longo dos anos como o respeito às pessoas, ao País e ao trabalho”, declara.