Sem surpresas, a Câmara de São Bernardo derrubou nesta quarta-feira (2), o veto do Executivo a emenda dos vereadores ao Plano Municipal de Educação (PME) que proíbe o ensino da ideologia de gênero nas escolas municipais. 20 vereadores votaram contra o posicionamento do prefeito Luiz Marinho (PT). Petistas se dividiram. Vereadores da base aliada e oposicionistas comemoraram a vitória.
Com a maior parte dos 300 lugares da plateia ocupados por manifestantes favoráveis a emenda, a Câmara fez uma votação recheada de tensão, apesar do resultado “cantado” nos bastidores. O líder do governo, José Ferreira (PT), ainda tentou argumentar para que a derrota não acontecesse, porém acabou sendo abafado pelas vaias e gritos insistentes oriundos dos munícipes.
A derrota do governo aconteceu com 20 votos contrários ao veto, um a favor (Ferreira) e uma abstenção (Matias Fiuza, PT). Cinco vereadores não estavam presentes no plenário no momento da votação. José Cloves, Marcos Lula e Luiz Francisco da Silva, o Luizinho (ambos do PT), Martins Martins (PCdoB) e Gilberto França (PMDB), que justificou a sua ausência com um atendimento a um munícipe em seu gabinete. “Meu posicionamento sempre foi coerente. Eu sou contra a ideologia de gênero”, afirmou o peemedebista.
Julinho Fuzari (PPS) criticou as ausências no plenário. “Quem saiu da sala ou se absteve era a favor do veto. Por isso que o comportamento do Zé Ferreira foi louvável”, disse o popular-socialista que elogiou o líder de governo que manteve o posicionamento desde o início dos debates.
Repercussão
Logo após a votação, vereadores da base governista e da oposição fizeram críticas ao comportamento do governo nas últimas semanas em relação a esse veto. “Eles (Governo) só costumam ouvir eles. Então por mais que falamos que aquela rua está asfaltada, iluminada e não tem buraco, eles preferem ir pela rua esburacada, sem iluminação e sem saída. Cada vereador aqui, até porque é um ano eleitoral, cada um vai pensar mais sobre isso, nós temos os nossos eleitores, temos os nossos compromissos. Muitas vezes os nossos compromissos não são os compromissos do Governo, então deixamos bem separado isso, pois pode parecer que somos grudados no Governo e não somos”, explicou Ramon Ramos (PDT).
“A votação de hoje foi emblemática, pois só quem votou a favor foi o Zé Ferreira. Ninguém do PT”, disse João Batista (PTB). “Essa questão do gênero era uma coisa acordada dentro do G9, agora G8. Independente de coisas paralelas, de pressão, a opinião do grupo prevaleceu”, afirmou Fábio Landi (PSD). “Quem saiu da sala ou se absteve era a favor do veto. Por isso que o comportamento do Zé Ferreira foi louvável”, disse Fuzari.
Landi afirmou que os vereadores da base governista foram procurados individualmente por Marinho para debater o assunto, mas o bate-papo não rendeu os frutos que o governo queria, tanto que o projeto que o Executivo enviou a Câmara que também proibia a ideologia de gênero, foi retirado do Legislativo logo após a votação.
Para Tião Mateus (PT), não houve surpresas. “Eu acho que o Governo já esperava ser derrotado, não tinha nenhuma surpresa. Até porque teve vários momentos em que fomos chamados e foi colocado na mesa que não tinha voto para ganhar. No meu voto, eu firmei compromisso com a Pastoral da Família. Eu tinha que votar do jeito que votei (contra o veto)”, explicou.
O Governo Marinho foi derrotado por mais duas vezes. Também foram derrubados os vetos referentes aos projetos de José Alves da Silva, o Índio (PR), que obriga a divulgação do prazo de validade de produtos em promoção e o segundo de Manoel Martins (PPS) que declara o Instituto de Integração Social Criando Esperança como de Utilidade Pública. A vitória mais relevante do Governo foi a manutenção do veto sobre as emendas ao Orçamento 2016.