Juros futuros sobem com pressão do dólar e aversão ao risco no exterior

O agravamento da aversão ao risco no exterior que puxou o dólar para cima carregou junto a curva de juros e as taxas fecharam em alta na BM&FBovespa nesta sexta-feira, 15. As preocupações com a economia global – depois de indicadores fracos de inflação e atividade nos EUA, alerta sobre o mercado de crédito na China e nova derrocada do petróleo – castigaram ativos de países emergentes. No front doméstico, declarações da presidente Dilma no começo da tarde ajudaram a adicionar estresse nos principais contratos.

Ao término da negociação regular, o DI abril de 2016 projetava 14,711%, de 14,690% no ajuste de ontem. O DI janeiro de 2017 avançou de 15,480% para 15,545%. O DI janeiro de 2021 encerrou em 16,55%, ante 16,44% no ajuste de quinta-feira. O dólar, às 16h36, era negociado em alta de 1,44%, a R$ 4,0515.

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A trajetória de avanço das taxas futuras foi definida já na abertura, em linha com a pressão sobre o câmbio, que foi aumentando ao longo do dia. Entre os indicadores norte-americanos, as vendas no varejo tiveram em 2015 o menor crescimento em seis anos, além de dados ruins sobre inflação ao produtor e produção industrial. Na China, há sinais de problemas no mercado de crédito, depois que o jornal chinês International Finance News publicou que um número não especificado de bancos em Xangai deixou de aceitar ações de empresas como garantia de empréstimos. Sobre o petróleo pesaram as expectativas de que as sanções contra o Irã sejam suspensas já neste fim de semana, ampliando a oferta do país aos mercados.

No Brasil, a presidente Dilma, durante café da manhã com jornalistas, disse que não existe nenhuma relação lógica entre aumentar o volume de crédito e subsidiar. “A política restritiva pelo lado do fiscal é necessária e isso não significa que você não pode ter uma política de crédito que não seja desestruturante”, disse. Também para a presidente, a taxa de juros de longo prazo (TJLP) não é crédito subsidiado.

Apesar das negativas, as declarações acentuaram os temores de que o governo vá retomar a política expansionista do primeiro mandato que levou à atual crise fiscal, o que ajudou a manter elevados os prêmios de risco nos contratos futuros mais longos.

Os curtos, por sua vez, subiram com menos força, com a consolidação das apostas de alta de 0,5 ponto porcentual na Selic de 14,25%, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana.

Apesar da nova queda do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de novembro, de 0,52%, a sinalização de uma postura firme de combate à inflação por parte da autoridade monetária deve prevalecer na decisão, na avaliação dos especialistas. O IBC-Br atingiu 137,37 pontos pela série com ajuste sazonal, o menor nível da série histórica desde agosto de 2010.

Ainda na agenda de indicadores, o IGP-10 de janeiro subiu 0,69%, taxa acima do teto do intervalo da pesquisa realizada pelo AE Projeções (0,67%).

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