Desde que começou sua carreira, Taís Araújo queria fazer uma novela de Manoel Carlos. Os anos passaram e bons papéis não lhe faltaram. Mas a atriz sonhava com o dia em que o celebrado autor a chamaria para um trabalho. E a espera valeu a pena: no início deste ano, Maneco não só a convidou para sua nova novela, Viver a Vida, como também para interpretar a Helena, protagonista de sua história. Taís, que estava morando em Paris para estudar francês, não pensou duas vezes. Arrumou as malas e voltou para o Brasil. “Fazer a novela já seria demais. A Helena, então, era um sonho que desejei tanto, esperei tanto… Aceitei na hora. É uma fase tão boa… Se melhorar, estraga”, derrete-se
Na trama, que estreia no próximo dia 14, Helena é um top model requisitada internacionalmente que vê os rumos de sua vida mudarem ao conhecer o charmoso Marcos, de José Mayer. Bem mais velho que ela, o empresário pede, após o casamento, que ela abandone a carreira para viver ao seu lado. Embora seja apaixonada pela profissão que escolheu, ela aceita. “Ela pensa: estou com 30 anos, a carreira de modelo é mais curta mesmo… É uma boa hora para encerrar…”, conta, divertindo-se com a oportunidade de contracenar com José Mayer, galã constante nas tramas de Maneco. “Ele é o sonho de consumo de mulheres de 20 a 80 anos. Vai da minha professora de ginástica à avó da minha amiga, que disse que ama dois homens: O Zé e o Raj”, brinca, referindo-se ao personagem de Rodrigo Lombardi em “Caminho das Índias”.
Paralelo a isso, Helena tem de suportar a competição da enteada e também modelo Luciana, de Alinne Moraes, e os problemas com a família, já que sua irmã, Sandra, de Aparecida Petrowky, namora um marginal com passagens pela polícia. “Embora tenha uma boa vivência, esta Helena tem só 30 anos, com todas as inseguranças, erros e instabilidades que isso traz”, avisa Taís, comparando-a com as outras Helenas do autor. “Uma que é bastante viva na minha memória é a que a Maitê Proença viveu em Felicidade”, diz
Sobre interpretar a primeira Helena negra, a atriz é objetiva: “Não posso levantar bandeira, porque sempre tive oportunidades. Mas não dá para negar que o mercado para os negros é bem mais fechado”, opina. Sua trajetória reforça a ideia de que ela é, de fato, uma exceção. Em seu segundo papel na tevê, Taís deu vida, com sucesso, à polêmica escrava Xica da Silva, na trama homônima exibida pela Manchete. Em 1997, foi para a Globo viver a Vivian de Anjo Mau. Em 2004, protagonizou Da Cor do Pecado como a batalhadora Preta. Mais recentemente, foi a mimada Alícia de A Favorita. Isso sem falar em suas premiadas participações no cinema, como em Garrincha – Estrela Solitária, no qual interpretou Elza Soares. Pela atuação, foi a Melhor Atriz no Festival de Cinema Brasileiro de Miami. E, em As Filhas do Vento, ganhou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Gramado.