Obras de impacto para mobilidade urbana continuam no papel

Enquanto os projetos não são executados, as avenidas dão espaço para longos congestionamentos. Foto: Forlan Magalhães

As obras consideradas vitais para surtir impacto significativo na mobilidade urbana regional ainda não saíram do papel. As duas linhas do Metrô (linhas 18-Bronze e 17-Ouro), a ligação com Guarulhos e o Expresso ABC, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) são projetos anunciados, cujos cronogramas são alvo de constantes atrasos.

Com cerca de R$ 4,1 bilhões em investimentos, o projeto mais próximo de virar realidade é a Linha 18. O monotrilho com traçado de 20 km de extensão, 18 estações e expectativa de transportar diariamente 330 mil passageiros sairá da estação Tamanduateí e passará por São Caetano, Santo André e também São Bernardo.

Newsletter RD

Na última visita ao ABC, em 24 de outubro, o governador Geraldo Alckmin disse que em 15 dias seria publicado o edital para a concorrência. O prazo expirou no dia 8 de novembro e até agora segue sem definição. A projeção é que as obras da primeira fase, que segue até as mediações do Centro de São Bernardo, comecem no primeiro semestre de 2014 e percorram 24 meses.

“O poder público enfrenta dificuldades e burocracia no cotidiano que retardam o processo. É licitação, contestação, entre outros passos”, sustenta Andrea Brisida, coordenadora do GT (Grupo de Trabalho) de Mobilidade do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, durante o Ciclo de Palestras RD Ideias Mobilidade Urbana, realizado na terça-feira (12) pelo Repórter Diário em parceria com a USCS (Universidade de São Caetano).

Na mesma passagem pela região, mais precisamente em São Caetano, Alckmin anunciou ainda que a Linha 17-Ouro também chegará ao ABC. O traçado sairia do Morumbi, em São Paulo, passaria pelo Jabaquara e seria prolongado até Diadema. “Quero que o Consórcio [órgão que reúne os sete prefeitos] me ajude a definir isso”, disse o governador, deixando claro que o tema está em fase embrionária de discussão.

Expresso

Outros dois temas que pipocam com frequência na região, mas ainda seguem indefinidos são a ligação com Guarulhos e o Expresso ABC. No primeiro caso, o projeto funcional precisa ser concluído. A iniciativa, em tese, prevê a implantação de um corredor sobre trilhos que liga a região até Guarulhos num traçado de 30 km de extensão.

O corredor deve sair da região de Bonsucesso/Cumbica, passando por bairros da Zona Leste de São Paulo, integrando com a estação Itaquera – região que abriga um shopping, unidade do Poupatempo e o futuro estádio do Corinthians, que provavelmente sediará jogos da Copa de 2014. A partir daí, o traçado seguiria pela região de Sapopemba, do Oratório, até chegar em Santo André.

Já o Expresso ABC, projeto que irá dispor de cinco vias (duas que atenderão à linha 10-Turquesa da CPTM, duas para o Expresso e uma para a carga) ainda não tem data para sair do papel. O cronograma de entrega, previsto para 2015, não foi confirmado pelo titular da pasta de Transportes Metropolitanos.

“Não é que as obras atrasam. É que a gente não consegue dar prazo. Quanto tempo que leva para sair uma licitação?”, questionou Jurandir Fernandes. “Mas as coisas estão andando”, garantiu. Burocracia como a liberação do uso do solo tem atrasado o processo.

Para a arquiteta Andrea Brisida, as cidades do ABC estão entrando em colapso. “Estamos vivendo de forma saturada, não há investimento que dê conta tamanha é a demanda”, comentou.

União garante verba, mas sem prazo

Quando esteve em São Bernardo, em agosto, a presidente Dilma Rousseff anunciou repasse de recursos da ordem de R$ 793 milhões para investimentos em mobilidade urbana. Inicialmente, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC idealizara o montante de quase R$ 8 bilhões, referentes ao custeio de 116 intervenções na malha viária.

Os recursos anunciados contemplam a construção de 49,2 km em extensão de corredores de transporte coletivo que vão interligar os sete municípios. Do valor total, R$ 31,6 milhões serão destinados para contratação de projetos executivos que vão alavancar, em uma segunda fase, investimentos de mais R$ 1,1 bilhão em obras.

Andrea Brisisa, coordenadora do GT Mobilidade do Consórcio, explicou que a ideia é trabalhar o plano em etapas, sem esquecer das intervenções que ainda não têm recursos garantidos. “Foi solicitação do próprio governo federal fazer em etapas para que o plano realmente fosse viabilizado. Não adianta termos R$ 8 bilhões em investimentos, se não temos capacidade operacional de colocar isso em prática”, sustentou.

Quatro eixos

Brisida destacou as obras de mobilidade ocorrerão em quatro eixos, todos priorizando o transporte coletivo: corredor Guido Aliberti / Lauro Gomes / Taioca (Santo André, São Bernardo e São Caetano), com R$ 162,5 milhões; corredor Alvarenga / Robert Kennedy / Couros (Diadema e São Bernardo), com R$ 306,3 milhões; corredor Leste-Oeste, também beneficiando Diadema e São Bernardo, com investimento previsto de R$ 181,2 mi; e corredor Sudeste, com R$ 137,8 milhões envolvidos e benefício direto para Santo André, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Também está prevista verba de R$ 5 milhões para o Consórcio iniciar o projeto de um Centro de Controle Operacional.

Leia também:

Mobilidade urbana não está só na infraestrutura

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes