Eleição 2008 pode pôr fim à aliança PSDB-PFL em SP

A disputa eleitoral para a Prefeitura de São Paulo, no ano que vem, promete esquentar o cenário político e poderá ser um divisor de águas, colocando fim à dobradinha que vem se repetindo em algumas eleições no Estado entre o PSDB e o DEM (antigo PFL). Na oposição, o nome mais cotado para concorrer é o da ex-prefeita e atual ministra do Turismo, a petista Marta Suplicy. Na situação, especialistas prevêem uma queda de braço entre o prefeito Gilberto Kassab (DEM), que tentará a reeleição, e o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, que, depois de perder as eleições presidenciais para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), precisa de uma disputa de visibilidade para colocar novamente seu nome no cenário político.

Nos bastidores, é certo que os Democratas não pretendem abrir mão do nome de Kassab nessa disputa. Por conta, inclusive, da lealdade e da postura low profile do atual prefeito, as apostas são de que o governador José Serra (PSDB) nutre grande simpatia ao seu projeto de reeleição, mesmo que seu partido tenha o nome de Alckmin como um forte candidato para a disputa. A ala “alckmista” em São Paulo também não admite deixar o partido sem a cabeça de chapa num pleito tão importante como este. Por causa do impasse, o mais provável é que PSDB e Democratas disputem as eleições municipais de 2008 com candidaturas próprias.

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O cientista político Francisco Fonseca, professor da FGV de São Paulo, é um dos que apostam na ruptura entre PSDB e Democratas. “A lua-de-mel entre estes partidos já acabou faz tempo. Eles se distanciaram desde as eleições de 2002, quando Roseana Sarney seria a candidata do PFL para a presidência da República. E eu acho que estamos próximos de assistir à ruptura desta aliança”, afirma. Roseana estava bem colocada nas pesquisas, quando um escândalo a fez desistir da disputa. Até hoje, pairam dúvidas sobre a suposta influência de Serra no episódio.

O cientista político Claudio Couto, da PUC de São Paulo, discorda. Para ele, apesar do posicionamento adotado até o momento por tucanos e democratas, os dois partidos podem repetir a dobradinha nas eleições do ano que vem. “Isso é o mais provável, porque Kassab como liderança é muito fraco e suas perspectivas eleitorais não são muito boas. O PSDB tem o Alckmin, que é um candidato muito forte e conhecido da população,” complementa. No seu entender, é preciso levar em conta também que, se tucanos e democratas romperem, a disputa poderá favorecer a candidatura de oposição – neste caso, de Marta Suplicy.

Na opinião do consultor de marketing político Marco Iten, se as eleições para a Prefeitura de São Paulo fossem realizadas ainda este ano, Kassab estaria fora do jogo. “Seguramente ele não seria reeleito”, pondera. Mesmo com essa avaliação, Iten não considera o quadro irreversível. “O Kassab tem potencialidade para conquistar passo a passo o eleitor. E só quem pode alterar este cenário é ele próprio.”

Mesmo faltando um ano e meio para as eleições municipais de 2008, os petistas já começam a disparar seus ataques ao prefeito Kassab. O líder do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo, Simão Pedro, ironiza a boa relação que o democrata mantém com o governador José Serra. “Kassab é o secretário estadual para assuntos da Prefeitura do Serra, que deixou o executivo municipal, mas manteve seus principais assessores por lá”, afirma. O líder do PT municipal, vereador Paulo Fiorilo, segue na mesma linha: “Kassab é submisso a Serra, que, na verdade, é quem continua mandando na Prefeitura. Há uma fidelidade canina entre eles”.

Uma das lideranças dos Democratas na capital paulista, o vereador Carlos Apolinário defende Kassab, exortando o bom trabalho que ele tem feito à frente do executivo municipal e as boas parcerias que tem realizado, sobretudo com o governador. “É uma parceria para o bem da população. A situação é a mesma quando Serra busca parceria com o presidente Lula para melhorar a vida no Estado de São Paulo”, afirmou. “Kassab não precisa mandar ninguém embora para mostrar que é ele quem está governando (numa alusão à manutenção de alguns secretários municipais da gestão Serra). Na verdade, o PT quer desmoralizar Kassab para eleger Marta Suplicy em 2008”, emendou.

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