ABC - terça-feira , 30 de abril de 2024

ABC desconhece total de prejuízos com inundações

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, em parceria com a Universidade Federal do ABC e a Caixa Econômica Federal, promoveu a Oficina Técnica Desafios da Gestão de Riscos Urbanos no Grande ABC.

O ABC deu o primeiro passo para discutir e consolidar uma agenda regional que defina melhor, e de forma homogênea, as políticas públicas para enfrentamento e gestão de riscos urbanos. Nesta terça (28), o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, em parceria com a Universidade Federal do ABC e a Caixa Econômica Federal, promoveu a Oficina Técnica Desafios da Gestão de Riscos Urbanos no Grande ABC. O encontro reuniu especialistas dos sete municípios e dos governos do Estado e Federal, no Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo, que discutiram o quadro atual das políticas de gestão de riscos em cada cidade, bem como os desafios e problemas estruturantes que a região terá de enfrentar nos próximos anos.

O segundo painel foi direto ao discutir os desafios e os problemas estruturantes a serem enfrentados pelos municípios. Fernando Nogueira, coordenador técnico do encontro e professor da Universidade Federal do ABC, elencou propostas para a região. O professor defendeu a elaboração de levantamento de perdas e danos causados por inundações e alagamentos como ponto de partida para o planejamento regional. “Só na cidade de São Paulo, a estimativa é de que R$ 680 milhões sejam perdidos por ano em consequência de inundações”, apontou ao citar dados da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP).

Newsletter RD

De acordo com Nogueira, a UFABC possui equipe trabalhando em um projeto piloto de análise de impacto do tipo de incidente na região. “Estamos o tempo inteiro nos preocupando com o número de óbitos, mas risco não se limita a isso. Precisamos saber quanto perdemos em desenvolvimento econômico com isso”, frisou.

Jardim Zaíra

Outro ponto levantado pelo professor foi a definição de plano de ação para conter, definitivamente e em até cinco anos, acidentes fatais em áreas classificadas pela Defesa Civil como de risco alto (R3) e risco muito alto (R4). “É viável e, mais do que isso, é inaceitável que bairros de uma região do porte do ABC, como o jardim Zaíra [em Mauá], ainda sofram com o tipo de problema”, disse.

O especialista defendeu a incorporação do conhecimento sobre riscos no Plano Plurianual (PPA) dos municípios e demais diretrizes de planejamento urbano, como o Plano Diretor. O fornecimento de informações a moradores de áreas mapeadas também foi lembrado. “Eles têm direito de saber dos riscos que correm”, comentou. Ainda na avaliação de Nogueira, o ABC tem condições de construir, em até dois anos, uma plataforma regional de gestão de riscos. “É uma tarefa para os grupos de estudo do Consórcio em parceria com outras entidades”, pontuou. O especialista também sugeriu a realização de uma nova oficina, em outubro deste ano, para discutir as estratégias de enfrentamento aos impactos das chuvas torrenciais do verão. “Dessa forma, os municípios com mais suporte poderão auxiliar os demais”, pontuou.

Agenda regional é priorizada

No primeiro painel, representantes das secretarias de Habitação e da Defesa Civil locais apresentaram panorama da situação em cada cidade. Na avaliação de Kátia Canil, que integra o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o ABC deve caminhar para uniformizar os trabalhos. O primeiro passo é garantir que todos os municípios elaborem um Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR).

Kátia lembrou que parceria firmada entre o Consórcio e o IPT prevê a elaboração de mapeamento e aconstrução de um PMRR para Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, além do diagnóstico de áreas de inundações de São Caetano. As demais cidades já possuem o plano próprio.

Kátia ainda apontou para a necessidade de a região ampliar sua visão sobre o que são riscos urbanos. “O debate ainda está centrado nos desastres naturais e há condições de trazer a discussão sobre desastres tecnológicos, levando em conta os riscos industriais”, comentou. Para a especialista, o nível de conhecimento e de estrutura de atendimentos das cidades, ainda heterogêneo, precisará ser redefinido. “Isso causa resultados distintos. A partir do momento que promovemos oficinas e debates, nós agregamos conhecimento a todos. Essa será uma tarefa permanente em nossas atividades, daqui para frente”, afirmou.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes