O Primo Basílio vira musical

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Bossa Nova, dança e textos clássicos. Para quem achava que os três fatores não combinavam vai se surpreender com o espetáculo O Primo Basílio – O Musical, que inicia temporada de cinco dias de apresentações, no Teatro Ábaco, dias 21, 22 e 23, e Teatro Lauro Gomes, 27 e 28 , em São Bernardo.

O espetáculo visto por 50 mil pessoas é uma adaptação do clássico do Realismo português O Primo Basílio, de Eça de Queirós, publicado em 1878. Na trama, com livro e peça, Luiza é uma mulher casada da burguesia que passa os dias lendo romances e mandando na empregada doente, Juliana. Sua rotina começa a mudar drasticamente com a chegada de Basílio. Luíza se entrega à paixão com o primo distante, mas é descoberta por Juliana, que começa a chantageá-la.

A adaptação se passa no Rio de Janeiro em 1959. “O nosso musical é extremamente brasileiro, porque foi adaptado para o auge da Bossa Nova no Rio”, conta a produtora Lígia Machado, que também interpreta a Luíza, uma das protagonistas da peça, adaptada por Francisca Braga.

“O Primo Basílio traz todas as essências do ser humano e vai continuar sendo atual sempre”, afirma o diretor Dan Rosseto, ao comparar o enredo do clássico com as intrigas vividas por Nina e Carminha na novela Avenida Brasil, da Rede Globo.

Bossa Nova
Além da adaptação do século 19 para o 20, a peça tem outra peculiaridade: é repleta de coreografias, os atores cantam e dançam e os músicos atuam e tocam sem partitura. Toda a trilha sonora é montada com base em ícones da Bossa Nova. “Foi um movimento musical muito importante e rico para o nosso País”, analisa Dan.

Na trilha, estão nomes como Tom Jobim, João Gilberto, Vinicius de Moraes e Dolores Duran. Entre as músicas estão Desafinado, Copacabana, Luiza, Samba de uma Nota Só e Chega de Saudade que tomam formas de tango, samba e valsa. “O andamento musical é mais acelerado do que a Bossa Nova para dar ritmo interessante ao musical e criar empatia maior com o público, mas o estilo está todo lá”, explica Dan.

Luiza
No texto de 1878, Luiza representa o romantismo, forma de literatura que mais agradava os burgueses e o livro também é uma crítica aos costumes da alta sociedade. “Todo mundo falava que a Luizinha era chata e que legal era a Juliana ou a Leopoldina, mas percebi que ela vai muito além de uma mocinha adocicada”, explica Lígia, que buscou dar carga diferente à personagem e adaptá-la aos moldes do musical.

A personagem passa por diversas situações e, como consequência, fica com a consciência pesada. “É uma personagem que morre de culpa”, conta Dan ao explicar que trabalhou a Juliana como personagem forte, de forma que as chantagens ficam vivas para Luiza, levando a moça à morte.

E quem não conhece a famosa frase que o Primo Basílio profere ao ver Luiza morta: “Antes ela, do que eu”. É uma frase de impacto que sofreu uma adaptação. “Mudamos o sentido porque, em Portugal, a frase significa ‘São coisas da vida’, menos agressivo do que no Brasil”, explica a adaptadora Francisca Braga, que contou que o público ficava com raiva do Basílio por causa desta frase.

No elenco também estão Luiz Araújo, como Basilio, Frederico Silveira, como Jorge , Isadora Ferrite, como Juliana e Débora Oliveira como Leopoldina, além de Aline Meneguethi, Gustavo Penna, Jonatan Motta e Biah Carfig. Os músicos são Daniel Farina Moreno (violão), João Paulo Pardal (violão), Otávio Colella (violino), Thais Ribeiro (piano), Renan Cacossi (flauta transversal), Jonatan Motta (violino).

Serviço:
O Primo Basilio – O Musical
21, 22 e 23 de setembro
Teatro Ábaco
Av. João Firmino, 1.099, b. Assunção, São Bernardo
Sexta e sábado às 16h e 20h30 e domingo às 19h
Ingressos: R$ 80

27 e 28 de Setembro
Teatro Lauro Gomes
Rua Helena Jacquey 171, Rudge Ramos
Quinta e sexta às 20h
Ingressos: R$ 50