
Ao final do ano passado, a Prefeitura de São Paulo anunciou medidas de reestruturação no programa de atendimento a estudantes com deficiência a partir de 2024. Entre as ações, a contratação de mais de 500 auxiliares com formação específica para atender alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais. No ABC, algumas cidades sequer apontaram projeção para ampliação do quadro, e sabe-se que, até o momento, o aumento de profissionais na área foi em torno de 20%, na comparação com 2023.
Até dezembro do ano passado, eram 647 profissionais especializados na área no atendimento à criança especial em cinco das sete cidades do ABC. São Bernardo contabilizava 307 profissionais, seguido de Santo André (179), Ribeirão Pires (109), São Caetano (35) e Rio Grande da Serra (17). Já este ano, houve um salto para 782 profissionais, variação de 20,8%, sendo 307 professores em São Bernardo, 206 profissionais em Santo André, Ribeirão Pires (183), São Caetano (63) e Rio Grande da Serra (23). Mauá e Diadema não responderam até o fechamento da reportagem.
Na cidade mais populosa da região, em São Bernardo, além dos 307 professores de educação especial (sendo 265 de deficiência intelectual, 29 em deficiência auditiva e 13 em deficiência visual), 2.476 cuidadores assistem as crianças. E para garantir o atendimento de todos os alunos, a cidade dispõe de equipe multidisciplinar (9 fisioterapeutas, 6 terapeutas ocupacionais, 18 psicólogos, 9 assistentes sociais e 16 fonoaudiólogos) que acompanham o desenvolvimento dos alunos.
Jéssica Bastos Fonseca, mãe da Clara (9), aluna com deficiência motora, comenta já sentir diferença no atendimento de sua filha após a implementação dos novos profissionais. “A Clara não era assistida com um professor especializado. Só este ano, depois que colocaram um fisioterapeuta e um cuidador específico para atendimento, que ela começou a desenvolver melhor as atividades na sala de aula”, conta.
Em Ribeirão Pires, além dos 183 profissionais especializados, a Prefeitura apostou em mais três psicólogos e 118 estagiários para dar conta da demanda. Em relação a 2023, quando 109 profissionais estavam em atuação, a cidade registrou aumento de 67% no quadro, com 74 profissionais a mais no ano vigente. Segundo a prefeitura, os profissionais atuam em 33 escolas e a quantidade varia conforme demanda.
Apesar da implementação, a mãe de um aluno com transtorno cognitivo, matriculado na Escola Municipal Engenheiro Carlos Rohm, e que prefere não se identificar, comenta ainda não ter sentido o impacto dos novos profissionais no dia-a-dia do seu filho. “Faz mais de um ano que meu filho está matriculado nessa escola, mas não vemos um atendimento especializado, um professor que passe atividades específicas pro nível de conhecimento dele. Lotam e escola de estagiários e o aluno que precisa de atendimento especializado assiste aulas normais, assim como qualquer outro”, conta.
Na busca de um atendimento especializado, a mãe diz desembolsar R$ 400, ao mês, para que seu filho receba aulas particulares em casa. “Usamos a escola mais para que ele possa conviver com outras crianças e não fique totalmente excluído desse ambiente escolar, mas pra aprender alguma coisa diferente, só com um professor que sabe o que está fazendo”, completa a mãe.
Reforço com 95 agentes de apoio
A política de inclusão nas escolas da rede pública de Diadema também ganhou grande reforço este ano, com a integração de 95 agentes de apoio na cidade. Apesar de não ter informado a quantidade de profissionais em atuação no ano passado e este ano, a Prefeitura garante que estes profissionais devem auxiliar os professores no desenvolvimento do trabalho pedagógico; cuidar e orientar os estudantes quanto a hábitos de higiene; acompanhar os momentos de alimentação, orientar os educandos sobre hábitos alimentares adequados; contribuir para a criação e desenvolvimento de condições que propiciem a construção do conhecimento integral do educando, além de zelar seu pelo bem-estar, integridade, participação e desenvolvimento.
Em Santo André, atuam na educação especial 112 agentes de inclusão escolar, 42 professores assessores de educação inclusiva e 52 professores de atendimento educacional especializado. A rede conta, ainda, com cinco psicólogos itinerantes que contribuem para a avaliação e orientação ao que se refere aos alunos com deficiência – termo de colaboração com a Fundação do ABC. Além disso, há 20 psicólogos que atuam com profissionais das Unidades Escolares, através do Programa Conviver Bem. Na cidade, encontram-se em processo admissional 14 professores de Atendimento Educacional Especializado.
Ampliação em 250 estagiários
No ano passado, São Caetano realizou processo seletivo para contratação de mais 250 estagiários que já começaram a ser chamados. Atualmente, o município dispõe de 63 profissionais de atendimento especializado que atuam junto ao professor da turma. Até ano passado eram 43 professores especializados.
Em Rio Grande da Serra, um processo seletivo também garante novos profissionais no quadro para 2024. No entanto, a Prefeitura não informou quantos profissionais serão somados. Até ano passado, a cidade contava com 17 educadores e, este ano, já foram somados outros seis.