Dados do American Society of Clinical Oncology (em português, Sociedade Americana de Oncologia) mostram que nos últimos três anos, os casos de câncer de mama dobraram entre mulheres jovens – abaixo dos 40 anos. Ao RDtv, o oncologista e diretor científico da Femana (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), Ricardo Caponero, explica quais são os fatores que levam ao aumento do índice. Zulma Nazário, vendedora autônoma e ex-paciente, amplia o diálogo ao comentar sua experiência com o câncer.
As mulheres abaixo dos 40 anos estão fora da “faixa de rastreamento” do câncer, o que chama a atenção de pesquisadores sobre como essa faixa etária vem crescendo com o número de casos de câncer de mama. “Não há um motivo que justifique o aumento dos casos. Existem fatores como a obesidade e o consumo elevado de álcool e cigarro entre as mulheres, que podem, de certa maneira, nos ajudar a entender as estatísticas”, explica o oncologista. Ele conta que em casos de pessoas mais novas, o câncer tende a ser mais agressivo por conta de sua biologia, o que faz com que o câncer fique no corpo por períodos mais longos.
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Câncer de mama cresce entre mulheres abaixo dos 40 anos (Foto: Reprodução/RDtv)
Com a pandemia da covid-19 e a sobrecarga no sistema de saúde brasileiro, mais de um milhão de mulheres deixaram de realizar mamografia no ano de 2020 (redução de 41% na taxa de cobertura do rastreamento de câncer de mama). Para Caponero, a covid-19 se sobressaiu aos casos de câncer de mama, principalmente por se tratar de uma doença que tomou leitos dedicados a pacientes de outros tratamentos para suprir demandas, o que justifica a variação.
O especialista reforça dois tipos de prevenção ao câncer de mama. A prevenção primária (sem o diagnóstico precoce) que se relaciona aos hábitos do dia a dia, prática de exercícios físicos, alimentação balanceada e controle de peso. Já a prevenção secundária envolve o diagnóstico precoce, que tem a capacidade de anular os danos que o câncer causa a saúde. Além disso, se houver parentes que já tiveram a doença, bem como outros tipos de câncer, é essencial fazer um teste genético para entender os riscos.
Câncer de mama aos 26 anos
Zulma comenta que certo dia, enquanto brincava com seu filho, a bola bateu em seu seio e a fez sentir uma dor imensa na região, o que chamou atenção. “Na hora doeu muito. E quando fui tomar banho passei a mão na região e notei que tinha alguma coisa errada”, relata.
Zulma fez duas operações para extrair o nódulo por completo de seu corpo. Na primeira operação foi retirado apenas 1 cm do tumor, pois o médico não havia dado a certeza de que era câncer. Após diagnóstico de um câncer de mama em formação, foi feita uma segunda cirurgia que retirou 3 cm do nódulo. “A princípio achei muito estranho ser diagnosticada com câncer de mama, tanto pela idade quanto por não ter ninguém na minha família que tenha tido a doença”, diz.
O médico responsável sugeriu que ela fizesse o teste genético, que pode não só dar explicações sobre a doença, mas também alertar parentes sobre a possibilidade do surgimento do câncer de mama. “Você que é jovem, se cuide, pense na sua alimentação e faça o autoexame na hora do banho. Depois de 11 anos de curada, sou prova viva de que se o câncer for descoberto cedo, tem cura”, afirma Zulma.