A represa Billings completa 98 anos na próxima segunda-feira (27/03) e um de seus braços virou tema de debate e pesquisas em busca de sua recuperação. O Grota Funda, local que faz parte da divisa de Diadema e São Paulo, é o alvo da Frente Ambiental Viva Billings. Em entrevista ao RDtv nesta segunda-feira (20/08), a bióloga e coordenadora do projeto IPH/USCS, Marta Marcondes, e o advogado e assessor jurídico do MDV (Movimento em Defesa da Vida), Virgílio Alcides de Farias, explicaram sobre o que é debatido sobre o tema e que será levado para o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), em uma carta.
O Grota Funda era uma espécie de balneário nas primeiras décadas de Diadema após sua municipalização, em 1959. Porém na década de 1980 toda a situação foi alterada após a intervenção humana.
“Eu cheguei no Eldorado (bairro de Diadema) em 1984. Me deparei com uma represa que ainda tinha embarcações de navegação que a água vinha até a estrada dos Alvarengas, na divisa com São Paulo. Com o passar do tempo, por conta das ocupações irregulares na entrada do Sapopemba, no Inamar (bairros de Diadema) as pessoas faziam construções e jogavam a terra que descia, através das chuvas, e acabava caindo no Grota Funda e aterrando a represa”, explica Virgílio.
Com o processo de assoreamento, parte do bairro se formou e acabou ocupado, não apenas por casas, mas também com comércios e até mesmo com a construção da UBS (Unidade Básica de Saúde). Porém, o lançamento do esgoto sem tratamento e o desmatamento no entorno prejudicaram ainda mais o Grota Funda.
“Eu estive na sexta-feira (17/03) no braço do Grota Funda e a gente acabou consolidando tudo aquilo que nós já sabemos, que é a questão, infelizmente, do alto nível de poluição que nós temos no Grota Funda. Nós começamos agora o projeto que se chama ‘Águas de Março’ para estudar o braço do Grota Funda para ver como se comporta ao longo de um ano”, disse Marta Marcondes.
Todas essas ações são colocadas na Frente Ambiental Viva Billings, na qual estão presentes ambientalistas, universidades, autarquias e as prefeituras de Diadema e São Paulo para pensar em soluções que possam levar o local a ter novamente uma navegação a partir de uma escola de vela e um píer ou ancoradouro, o que pode aumentar o turismo na área.
No próximo domingo (26/03), uma manifestação será realizada no Parque Ecológico do Eldorado, às 10h. E na segunda-feira (27/03) uma carta será entregue ao governador com os pedidos sobre o local.
Prefeitura
O secretário-adjunto de Meio Ambiente e Serviços de Diadema, e coordenador da implantação do Parque Linear Billings Diadema, André Luiz das Neves, entrou em contato com a reportagem afirmando que a cidade participa do debate, mas que considera que as ações devem ser debatidas para que soluções de fato sejam encontradas. Um dos principais pontos está no desassoreamento do Grota Funda.
“Pensar em um modelo que chamamos de mobilização de sedimento. Você tira o sedimento de uma cota mais baixa e coloca em uma cota mais alta. Reduz a emissão do sedimento com os caixões de contenção, como o pessoal falou, e já estamos fazendo. Recuperar um pouco do espelho d’água para garantir algum tipo de píer ou ancoradouro, e a partir daí sim dar a acessibilidade e a partir disso discutir a navegabilidade”, explicou.
O secretário-adjunto também divulgou uma lista de ações já realizadas ou em andamento no local e que foram mostradas para a Frente Ambiental:
- Retomamos o licenciamento junto à CETESB, que estava vencido;
- Retomamos o diálogo com a EMAE e DAEE, renovando para mais 20 anos de cessão da área, aproximadamente 50 mil m², denominada Parque Linear da Billings;
- Dedicação de 06 (seis) meses na aprovação e atendimento de exigências dos recursos do FEHIDRO, no montante de R$ 330.000,00 e que após erro de entendimento do Comitê do Alto Tietê e de Técnico da SEMIL, a Prefeitura declinou;
- Realizamos a primeira etapa de limpeza de uma pequena fração da área, aproximadamente 2.000m², com corte de 16 árvores passíveis de supressão: exóticas, invasoras e mortas; com investimentos (na fase 01) no valor – em recursos próprios – de R$ 90.000,00;
- Plantamos 86 mudas de árvores nativas, com DAP 5 e quase 6 metros de altura, e entre os dias 27 a 31 vamos repor aproximadamente 15 mudas que não teve pega; fase 1:
- Iniciamos, no dia 14/03, o fechamento de Gradil numa extensão de 200 metros lineares, com 2 metros de altura, recuo de 1,2m para garantia de calçada drenante e arborização urbana. A instalação é financiada pelo TCA 056/2022, referente a uma obra que estava parada desde 2012 no Centro de Diadema, localizada na Rua São Pedro, altura do número 183. A fase 1 apresenta investimento de R$ 188.000,00 (Cento e oitenta e oito mil reais);
- Serão abertas duas valas drenantes naturais, com desobstrução de tubos e instalação de mais duas bocas de lobos. A ação será realizada pela Secretária de Obras, prevista para final de Abril de 2023;
- Lançaremos, com previsão para a primeira semana de abril, o edital para contratação da construção do Pórtico de Acesso, com uma unidade de edificação para apoio aos visitantes, guarita, deck de madeira, bicicletário, bancos de concreto, pista de caminhada elevada (pequeno trecho 20% do total do projeto original), com valor já aprovado de R$ 1.350.000,00, (Hum milhão e trezentos e cinquenta mil), sendo que R$ 850.000 (Oitocentos e cinquenta mil) referem-se à emenda do Deputado Thiago Auricchio e mais R$ 500.000 (Quinhentos mil) são de emenda do Deputado Eli Correia Jr, além da contrapartida da Prefeitura de Diadema de R$ 300.000,00 (Trezentos mil). Na fase 2, o investimento total será de R$ 1.650.000,00 (Hum milhão seiscentos e cinquenta mil reais);
- Lançaremos o Edital de Contratação para o Complexo de Areia, academia ao ar livre, quadra de areia e um playground. Os recursos, já aprovados pela Caixa Econômica Federal, constam no valor de R$ 500.000 mil (Quinhentos mil reais) com contrapartida da Prefeitura de Diadema de R$ 200.000,00 (Duzentos mil). Na fase 3, o investimento total será de R$ 700.000,00 (Setecentos mil reais);
- Esses recursos, projetos e licitações estão “empenhados e aprovados”. Entretanto, trata apenas de um trecho de menos que 10% do total da área, na parte frontal assoreada, sem movimentação de sedimentos ou prolongamento da área alagada com as trilhas suspensas. Essas etapas são nomeadas, internamente, de Fase 1, 2 e 3 e com base no encaminhamento da última reunião do COMDEMA, a SMAS se compromete junto à FRENTE AMBIENTAL, a construir e licenciar as fases 4 e 5. Entendemos que a fase 04 (quatro) é continuidade das trilhas suspensas com os Mirantes e o Pier no espelho d’água. Nessa fase, estimamos um gasto de mais 06 milhões. E na fase 5, definiu-se a intervenção de desassoreamento ou mesmo mobilização interna dos sedimentos, com alteamento da cota mais assoreada e limpeza no espelho d’água. Proporcionando o acesso e possibilidade mínima de navegabilidade, com obra de um Pier e construção para Escola de Velas ou atividades náuticas. Na fase 5, estimamos gastar, aproximadamente, 20 milhões com ação de retirada de sedimentos ou 10 milhões sem a retirada dos sedimentos.