ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Usuários do SUS têm quatro vezes menos médicos do que o setor privado

Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) têm quatro vezes menos médicos do que o setor privado, revela levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). O trabalho mostra que para cada 1 mil usuários de planos de saúde no País há 7,6 postos de médicos ocupados. O índice cai para 1,95 quando se faz a relação entre postos ocupados e população dependente do SUS.

As desigualdades são encontradas em todas as regiões. Nos serviços públicos do Nordeste, por exemplo, há 1,42 postos de trabalho médico preenchidos por cada 1 mil habitantes. Bem menos do que os 9,62 por mil encontrados no serviços privados. A maior diferença é constatada na Bahia. Um cidadão com plano de saúde tem 12 vezes mais médicos do que aqueles que dependem apenas do Sistema Único de Saúde. O Rio, por sua vez, exibe a menor desproporção: 1,63 mais médicos na rede particular do que na pública.

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“Os números mostram que o problema não está na quantidade de médicos, mas na distribuição inadequada”, afirma o vice-presidente do CFM, Aluísio Tibiriçá. O coordenador do trabalho, o pesquisador Mário Scheffer, destaca que em algumas regiões do País a relação de médicos e pacientes é menor do que registrada em países africanos e, em outros, superior a de países da União Europeia. “É preciso haver uma política para fixar profissionais nas regiões “, avalia.

Na avaliação de Scheffer, a relação entre profissionais de saúde e população é muito menos importante do que a de postos de saúde disponíveis. Para ele, esse método pode ser útil para um diagnóstico preliminar, mas deixa muito a desejar quando se leva em conta as disparidades. As afirmações foram feitas justamente na data da publicação de resolução do Conselho Nacional de Saúde em que se recomenda a realização de estudos para determinar o número de médicos especialistas necessários para atender a população.

Para o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, mais importante do que abertura de novas escolas e a formação de mais médicos, projeto anunciado pelo governo, seria o investimento maior no setor público. “É preciso ampliar a oferta de vagas, tornar a atividade mais atrativa com salários adequados e boas condições de trabalho.

Além de analisar a distribuição de médicos, o trabalho, chamado Demografia Médica na Brasil, traz ainda uma análise do perfil do profissional que atualmente está no mercado. O estudo identifica dois fenômenos: o aumento de profissionais mulheres e jovens. Em 2011, dos 48.569 médicos com 29 anos ou menos, 53,31% são mulheres. A profissão é exercida predominantemente por jovens. O grupo de médicos de até 39 anos representa 42,5% dos profissionais da ativa.

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