O caso de estupro de vulnerável que ocorreu em um hospital de São João do Meriti (RJ) envolvendo o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra segue trazendo consequências. Em entrevista ao RDtv nesta terça-feira (19/7), o diretor presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), Marcos Antônio Costa de Albuquerque, informou que já existem relatos de pacientes mulheres que não querem mais a presença de anestesistas homens em suas cirurgias. Apesar do ocorrido, Marcos aponta que o fato foi inédito e que não corresponde ao trabalho realizado por mais de 25 mil profissionais no Brasil.
Albuquerque relatou que as pacientes têm o direito de escolher que são os profissionais que estarão em sua cirurgia, porém, reforça que não há relatos de outros casos do tipo com outros médicos anestesistas. “Gostaria de dizer para toda a população brasileira para que fiquem tranquilos, nós somos 25 mil anestesiologistas e nós não podemos deixar que um caso desse macule o nosso trabalho”.
O caso em São João do Meriti teve o seu inquérito encerrado nesta terça. Foi apurado que um vídeo, sem cortes, de 1 hora e 36 minutos, o estupro da paciente que estava em trabalho de parto foi flagrado. Quintella teria esperado 50 segundos, a partir da saída do pediatra e do marido da vítima, para iniciar o processo para cometer o crime. A paciente foi sedada por sete vezes durante o procedimento. 19 pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil.
Procedimentos
Marcos explicou que existe apenas uma possibilidade para que um anestesista ou a própria equipe médica retire o acompanhante da sala de cirurgia durante um parto. “Em geral os amigos da criança têm um protocolo de um familiar presente na sala. Quando é que nós, anestesiologistas, podemos solicitar a saída do acompanhante? Naquela situação em que pode ter um agravamento do quadro. Por exemplo, se durante o procedimento cirúrgico a paciente tiver uma complicação, uma parada cardíaca, não é adequado que o parente fique dentro da sala presenciando toda aquela situação de estresse”.
Além disso, toda a equipe médica conversa em todo o momento e o rosto do ou da paciente está visível durante todo o procedimento. “Não há como o anestesista ter outra preocupação que não seja o cuidado com a paciente”, relata do diretor presidente.
Sobre o caso de Quintella, foi aberto um procedimento administrativo para a sua expulsão e foi pedido para que o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro também faça um procedimento para cassar o registro do médico anestesista.