O ex-servidor da Câmara de Rio Grande da Serra, Gabriel Henrique Afonso Campagnoli, divulgou na madrugada desta quarta-feira (15/6), um vídeo relatando que a denúncia que realizou no ano passado sobre um suposto esquema de fraude em provas para cassar o mandato do prefeito Claudinho da Geladeira não era verdadeiro. O denunciante aponta que foi “manipulado” pelo secretário de Governo, Admir Ferro (PSDB), para incriminar os vereadores de oposição e dar segurança jurídica para impedir a continuação da comissão processante. Parlamentares querem que uma CEI (Comissão Especial de Inquérito), equivalente a uma CPI,
No vídeo, Gabriel pede desculpas para os vereadores e aponta os supostos erros que levaram a paralisação dos processos contra o chefe do Executivo. “Porém, todas essas declarações foram de forma manipuladas para mim, alguns nomes da cidade, alguns nomes da Prefeitura da cidade como o secretário de Governo, Sr. Admir Ferro, utilizaram daquele momento de fragilidade, de raiva, porque eu tinha acabado de ser exonerado da Casa de Leis e me usou para construir falsas narrativas a fim de frear as comissões processantes na Casa (sic)”, falou.
O relato ocorreu seis dias após a entrega de uma carta de desculpas protocolada no Legislativo no último dia 9 de junho. Além dos parlamentares, Campagnoli se desculpa com os servidores da Casa que teriam sido colocados em xeque por causa da investigação feita pela Polícia Civil após o seu depoimento.
No ano passado, o ex-servidor relatou que dos 17 pedidos de informação para a Prefeitura que não teriam sido respondidos conforme uma das denúncias que levaram a um dos processos de impeachment, o fato só teria ocorrido com cinco.
“O que ocorreu foi que o protocolo ficava sob meus cuidados, e o ofício contendo os requerimentos não respondidos foram entregues sim, juntamente com o ofício de indicações, o setor da Prefeitura ficou com os documentos, mas protocolou somente o de indicações, tanto que fui questionado pela funcionária da Câmara e disse que eu mesmo retornaria para pegar o protocolo, o que acabei não fazendo”, explicou.
Na época também acusou o presidente do Legislativo, Charles Fumagalli (PTB), de ter tentado aprontar provas falsas contra Claudinho da Geladeira, o que agora foi negado pelo ex-funcionário que afirmou que na época estava com raiva por ter sido exonerado.
Sobre Admir Ferro, Gabriel afirmou que o secretário teria entrado em contato para tentar arquitetar um depoimento que impedisse o impeachment de Claudinho da Geladeira, e que isso foi feito em um escritório de advocacia em Santo André. E que inclusive o chefe da Pasta teria pago sua estadia em um hotel no interior paulista para garantir sua integridade.
Ao Ministério Público foi entregue uma série de prints de conversas entre Admir e Gabriel pelo WhatsApp, e o denunciante chegou a revelar que uma entrevista seria combinado com um jornalista (não citado) para reforçar as denúncias.
O RD entrou em contato com Admir Ferro para ouvir o seu lado nesta história, porém, até o fechamento desta matéria não houve o retorno. Assim que o secretário se posicionar, esse texto será atualizado.
Câmara
No Legislativo a notícia caiu como uma bomba. Os vereadores que discursaram durante a sessão defenderam que houvesse a criação de uma CEI (Comissão Especial de Investigação) para tratar sobre o tema. O governista Marcelo Akira (Podemos) relembrou o histórico de Gabriel, que chegou a denunciar no ano passado que houve um fura fila na vacina contra o Covid-19, algo que foi relatado em reportagem da TV Globo, mas que depois se comprovou que o problema não tinha relação com a Prefeitura.
“Que tristeza, ver que Rio Grande da Serra está passando por tanta dificuldade por conta de uma pessoa. Inclusive, depois de ser instaurado o inquérito o Gabriel tem que também responder judicialmente pelo que ele falou contra os vereadores e o que ele falou contra o Prefeito. Ele vai ter que responder”, disse Akira.
Nenhuma decisão sobre os próximos movimentos internos da Câmara foi decidida na sessão, pois como havia o julgamento das contas do ex-prefeito Gabriel Maranhão (Cidadania) não poderia haver qualquer outra pauta em debate na sessão.
Confira abaixo a carta de desculpas e parte do relatório do MP: